O assassino do CEO da UnitedHealthcare, uma das maiores empresas de seguro de saúde do planeta, mandou uma mensagem bizarra nos projéteis que usou para fuzilar o executivo Brian Thompson em plena luz do dia, em Manhattan.
Foram escritas mensagens que incluíam as palavras "negar" e "atrasar", supostamente relacionadas à falta de atendimento a usuário ou usuários do plano.
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Como a Fórum antecipou ontem, havia forte suspeita, a partir do depoimento da viúva do homem assassinado, de que o crime tivesse relação com os serviços prestados -- ou não prestados -- pela empresa.
As mesmas palavras que a polícia identificou nos projéteis aparecem no título de um livro de 2010, do advogado Jay M. Feinman, que esmiuça as táticas empregadas por seguros de saúde dos Estados Unidos para negar cobertura a clientes: Delay, Deny, Defend.
Brian Thompson foi fuzilado com vários tiros pelas costas entre a rua 54 e a Sexta Avenida, no miolo de Manhattan, por um homem branco, jovem, que fugiu a pé e depois de bicicleta elétrica, desaparecendo no Central Park.
Atirador sorridente
Como Nova York tem câmeras de segurança praticamente em todo canto, a polícia local já obteve imagens do rosto do atirador, que na hora do fuzilamento usava um capuz e cobria parte do rosto.
A identificação do assassino parece ser questão de horas.
Numa das fotos divulgadas pela NYPD, o matador aparece sorridente.
O fato de que as empresas de seguro de saúde, depois de receber mensalidades durante anos, usam táticas para não cumprir seu compromisso com os clientes já foi catapultado para o centro do noticiário sobre o crime.
A repórter Reed Abelson, escrevendo no New York Times, recuperou um relatório feito por um comitê do Senado que estudou o assunto nos Estados Unidos:
A UnitedHealthcare, em particular, foi citada por um aumento nas recusas do que é chamado de atendimento pós-crise [quando os pacientes demandam fisioterapia, por exemplo]. O relatório descobriu que a taxa de recusa aumentou para 22,7% em 2022, de 10,9% em 2020.
A empresa, como várias concorrentes, terceirizou para a EviCore decisões sobre cobrir ou não as despesas dos usuários.
A EviCore usa um algoritmo baseado em inteligência artificial que pode ser "sintonizado" para negar mais ou menos pedidos de cobertura, de acordo com o interesse financeiro da contratante.