Mesmo novaiorquinos acostumados às turbulências da metrópole ficaram chocados, hoje, com um assassinato em plena luz do dia na Sexta Avenida, região nobre da ilha de Manhattan.
O CEO da UnitedHealhcare, Brian Thompson, foi fuzilado com vários tiros pelas costas por um homem atlético e encapuzado, que agiu com calma enquanto disparava na calçada.
Te podría interesar
A multinacional, baseada em Minnesota, é a maior seguradora de saúde do mundo em faturamento.
Nova York não via uma cena tão bizarra quanto esta desde que o chefão mafioso Paul Castellano e seu motorista foram abatidos diante da churrascaria Spark's, na rua 46, em 16 de dezembro de 1985.
Mas, se aquele ataque foi noturno e cometido por mais de um homem, desta vez o assassino agiu sozinho e foi filmado.
Ataque planejado
Testemunhas dizem que o ataque foi obviamente planejado, uma vez que várias pessoas passaram pelo atirador antes de Brian.
O executivo deixava o hotel onde estava hospedado antes de participar de uma conferência.
O ataque aconteceu às 6:44 da manhã.
O tabloide New York Post, que tem a melhor cobertura policial da cidade, sugeriu que o executivo, ao cair, tentou olhar para o assassino.
Por conta da existência de câmeras de segurança praticamente em toda a ilha de Manhattan, a polícia reconstituiu a rota de fuga.
O assassino fugiu a pé, pegou uma bicicleta elétrica de aluguel daquelas que Nova York oferece nas ruas e foi visto pela última vez entrando no Central Park.
Foi por causa do plano de saúde?
Paulette, a viúva do executivo, acrescentou mistério ao caso ao dizer que o marido vinha sendo ameaçado, possivelmente por algum usuário do plano de saúde descontente com a falta de cobertura:
Basicamente, eu não sei [detalhes], falta de cobertura? Eu não sei os detalhes. Só sei que ele me disse que algumas pessoas o estavam ameaçando.
Embora a investigação ainda esteja em andamento e o motivo do crime seja um mistério, a negativa de seguros de saúde no atendimento a usuários, assim como acontece no Brasil, inferniza a vida de estadunidenses.
Recentemente o ProPublica, site de jornalismo investigativo, fez uma reportagem sobre uma empresa, a EviCore, que pertence à gigante dos seguros Cigna.
Ela é especializada em arranjar motivos para negar pedidos de cobertura para procedimentos, cirurgias ou tratamentos nos EUA.
A UnitedHealthcare é uma das seguradoras de saúde que terceirizam para a EviCore decisões sobre negar ou não cobertura:
Uma investigação da ProPublica e do Capitol Forum descobriu que a EviCore usa um algoritmo apoiado por inteligência artificial, que alguns insiders chamam de “o dial”, que pode ser ajustado para levar a maior número de negativas. Alguns contratos [com a EviCore] garantem que a empresa [contratante] ganhe mais dinheiro, quanto mais corta os gastos com saúde [dos clientes]. [A EviCore] Emite diretrizes que, segundo médicos disseram, atrasam e/ou negam atendimento aos pacientes.
A polícia de Nova York não comenta casos em investigação e só confirma o óbvio: foi um "acerto de contas" planejado.