Na manhã desta quarta-feira (4), Brian Thompson, CEO da UnitedHealthCare, foi morto a tiros por um homem encapuzado em Manhattan, Nova York. O crime ocorreu enquanto Thompson chegava a um evento da empresa.
A UnitedHealthCare é a maior empresa de seguros de saúde dos Estados Unidos, com receitas estimadas em US$ 455 bilhões para 2024, cerca de R$ 2 trilhões.
A motivação do crime ainda não foi esclarecida, e a polícia não identificou suspeitos. No entanto, os investigadores acreditam que o assassino conhecia os movimentos do executivo, incluindo a entrada que seria utilizada no evento.
Um crime que reacende debates
Thompson liderava uma empresa frequentemente criticada pela negação de coberturas e procedimentos médicos. Essas práticas têm sido apontadas como símbolos das falhas do sistema de saúde predominantemente privado dos EUA.
Em 2023, a UnitedHealthCare foi alvo de uma ação coletiva em nome de pacientes que faleceram após a negativa de procedimentos. A empresa utilizava uma ferramenta de inteligência artificial para avaliar os pedidos, mas investigações revelaram que a tecnologia apresentava uma taxa de erro de 90%, fato conhecido pela companhia. Apesar disso, o sistema foi mantido, pois estimava-se que apenas 0,2% dos pacientes apelariam das negativas.
Esse não foi o único caso polêmico envolvendo a empresa. Em 2008, a UnitedHealthCare foi multada em US$ 173 milhões por mais de 900 mil violações da Lei das Práticas Injustas de Seguro na Califórnia.
Reações ao crime
Nas redes sociais, muitos usuários expressaram críticas à atuação da empresa, com algumas mensagens de tom irônico. Um comentário dizia: "Autorização prévia é necessária para pensamentos e orações", ironizando a UnitedHealthCare. Outro, mais incisivo, afirmou: "Brian Thompson, o CEO da UnitedHealth que enriqueceu negando assistência médica a seres humanos com famílias, merecia absolutamente pior do que recebeu."
O contexto do sistema de saúde nos EUA
O modelo de saúde dos Estados Unidos é frequentemente debatido por conta de seus custos elevados e acesso desigual. Um estudo de 2023 do observatório KFF apontou que:
- 14 milhões de americanos têm dívidas médicas superiores a US$ 1.000;
- 3 milhões de pessoas devem mais de US$ 10.000 em custos médicos;
- Cerca de 10% da população não possui qualquer tipo de seguro de saúde.
Uma pesquisa Gallup de janeiro de 2023 mostrou que 57% dos americanos apoiam um sistema de saúde público com participação de empresas privadas, semelhante ao modelo brasileiro.
O assassinato de Thompson pode reacender discussões sobre a necessidade de uma reforma no sistema de saúde dos EUA, destacando os dilemas éticos e econômicos enfrentados pela população.