O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prestou uma visita oficial ao continente africano na última quarta-feira (4/12), cumprindo uma promessa que havia feito no início de seu mandato aos "45 do segundo tempo" — é a primeira vez que o presidente visita a África, e, já que deve deixar a Casa Branca em 20 de janeiro, em ocasião da posse do novo chefe de Estado eleito, Donald Trump, também a última.
Durante a visita, Biden esteve no local de um grande projeto de infraestrutura financiado pelo programa de Parceria para as Infraestruturas e Investimento Global do grupo G7 (PGI), de maio de 2023, em conjunto ao Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), a Africa Finance Corporation (AFC) e o Team Europe +, iniciativa de investimentos internacionais da União Europeia.
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O Corredor de Lobito, como é chamada a rota extensa que liga o sul do Congo, passando pelo noroeste da Zâmbia, a vários pontos de comércio regional e internacional a partir de linhas ferroviárias e corredores d'água, foi descrito por Biden como "uma revolução".
Na ocasião, Biden ainda anunciou um investimento de US$ 600 milhões ao projeto, que está numa "etapa crucial", de acordo com João Lourenço, presidente de Angola.
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O interesse no financiamento de rotas de infraestrutura em África, que se iniciou em 2023, é uma resposta de governos ocidentais — os EUA e a UE, em especial, que assumem juntos a codireção do projeto — ao investimento contínuo e robusto da China, por meio da iniciativa Cinturão e Rota (BRI), em parcerias com governos africanos a fim de intensificar as relações comerciais e melhorar as rotas de comércio entre África e Ásia, além dos empréstimos com condições especiais concedidos pela potência através do Banco de Desenvolvimento Asiático.
A China tem intensificado seus investimentos no continente africano desde, pelo menos, 1980; e, em setembro de 2024, o presidente da China, Xi Jinping, prometeu aumentar seu financiamento em até US$ 51 bilhões nos próximos três anos, fomentando projetos de infraestrutura, os setores industrial e agrícola, e fortalecendo iniciativas sustentáveis.
Após a cúpula China - África, realizada em 2021, Xi Jinping também sugeriu a criação de uma rota direta partindo de África à China, integrada tanto por vias marítimas como terrestres.
O Corredor de Lobito, fruto de parcerias público-privadas incentivadas pelos EUA e pela Europa, conecta o porto de Lobito, na região do Atlântico, a diversas outras rotas ao longo da costa africana, facilitando a exportação principalmente de commodities minerais. Ele representa não apenas uma alternativa logística às rotas de infraestrutura chinesa no Índico, como o corredor Mombasa-Nairobi, mas quer funcionar, além disso, como contraponto ocidental à influência chinesa no continente, e um desestímulo à Nova Rota da Seda.
A visita de Biden ao Corredor de Lobito marcou a primeira viagem oficial de um presidente dos EUA ao continente africano desde 2015, conforme noticiaram veículos internacionais. Durante os dois dias de visita, Biden visitou também instalações ferroviárias do projeto, e brincou que voltaria para "pegar o trem".
Em sua primeira fase de construções, o Corredor deve encurtar o trajeto entre o Congo e a Zâmbia, que costumava ser de 45 dias, para cerca de 50 horas.