Seguindo uma tendência observada em países nórdicos, a Espanha está desenvolvendo um guia com instruções para a população em caso de guerra ou exposição a substâncias perigosas como químicas, biológicas e radioativas. A iniciativa, parte da 2ª Estratégia Nacional de Proteção Civil, reflete preocupações com o aumento da instabilidade global, incluindo os conflitos entre Rússia e Ucrânia e as tensões no Oriente Médio.
Fernando Diaz Llorente, CEO da Bunker Vip, destaca um aumento de 90% na procura por bunkers na Espanha, com cerca de 20 consultas diárias. Segundo ele, as notícias sobre crises globais estão influenciando diretamente essa demanda. Guillermo Ortega, da Bunker World, confirma a alta procura, relatando que sua empresa triplicou as vendas nos últimos meses e enfrenta listas de espera para novos pedidos.
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Os custos elevados tornam os bunkers acessíveis apenas para uma parcela da população. Um modelo básico de 15 m², capaz de abrigar seis pessoas, custa cerca de 60 mil euros (aproximadamente R$ 380 mil). Refúgios maiores podem alcançar valores superiores a 500 mil euros, dependendo da sofisticação e das medidas de segurança incluídas.
Além dos bunkers privados, empresas como a Bunker Vip têm projetos para construir abrigos coletivos particulares, oferecendo espaços compartilhados a custos mais acessíveis. Inspirados pela política suíça, que garante acesso universal a refúgios subterrâneos, esses abrigos coletivos permitiriam a várias famílias alugar um espaço por até 25 anos, pagando em torno de 40 mil euros.
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Atualmente, os refúgios públicos na Espanha são escassos. Madrid possui apenas três abrigos, incluindo o bunker da base aérea de Torrejón de Ardoz, com capacidade para 600 pessoas, e outro no Palácio da Moncloa, com estrutura para resistir a ataques nucleares.
Embora alguns espanhóis estejam preocupados com possíveis ameaças, brasileiros que vivem no país mantêm uma postura mais tranquila. Alessandra Ribeiro, tradutora residente em Madri, afirma que o medo de guerra não afeta seu cotidiano, embora reconheça o contexto delicado. Alexandre Muscalu, historiador, destaca que sua principal preocupação é econômica, enquanto Simone Pirani prefere evitar notícias alarmantes, confiando que o conflito não afetará diretamente a Espanha.
Assim, em meio ao aumento da procura por medidas de proteção, o país equilibra as tensões internacionais com um esforço para ampliar a segurança de seus cidadãos.