Desde a semana passada, o grupo terrorista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), dissidência da al-Qaeda que opera no norte da Síria, lançou uma ofensiva militar contra o governo de Bashar al-Assad na cidade de Aleppo, avançando em direção a Hama e Damasco.
O HTS se destaca por não se aliar a outras forças atuantes na região, como as Forças Democráticas da Síria (curdos apoiados pelos EUA), o Governo Interno da Síria (financiado pela Turquia), o Estado Islâmico ou o Comando Revolucionário da Síria (árabes do sul apoiados pelos EUA).
Embora tenha sido considerado um aliado tático da Turquia em momentos do conflito, o HTS é um grupo jihadista com o objetivo declarado de implementar um califado na Síria. Baseado em Idlib, no norte do país, o grupo tem recebido financiamento nos últimos anos para combater Bashar al-Assad e seus aliados: Rússia, Irã e Hezbollah — pilares no suporte militar ao governo sírio.
Desde setembro, relatos indicam o envolvimento da Ucrânia no apoio ao Hayat Tahrir al-Sham. Segundo a agência Sputnik, 250 instrutores do exército ucraniano teriam sido enviados a Idlib para dialogar com o grupo terrorista.
O jornal turco Aydinlik afirma que a Ucrânia ofereceu colaboração ao HTS e forças curdas em troca da libertação de prisioneiros de origem ex-soviética. Como parte desse acordo, 75 drones teriam sido entregues ao HTS.
Já o jornal sírio Al Watan aponta que Kyrylo Budanov, chefe do serviço de inteligência da Ucrânia, está em contato regular com a liderança do HTS para recrutar combatentes em Idlib para as forças armadas ucranianas.
Os ataques do HTS coincidem com o recente cessar-fogo entre Israel e Hezbollah, que pode levar o grupo libanês a intensificar sua atuação em apoio ao governo sírio. Durante o fim de semana, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Aragchi, esteve na Síria para discutir respostas do governo de Assad às ações do HTS.
Além disso, outras frentes pró-EUA têm se mobilizado para enfraquecer as posições do governo sírio, tentando desestabilizar a aliança entre Damasco, Teerã e Moscou.
Com o aumento da atividade jihadista e os possíveis novos alinhamentos internacionais, o conflito sírio continua a se desdobrar como um dos mais complexos e mortais do cenário global