TRAGÉDIA NO AR

Azerbaijão acusa Rússia por abate de avião no Natal

Presidente Ilham Aliyev exige que Moscou “admita sua culpa” após queda de avião, ainda que não intencional, com 38 mortes

Presidente Ilham Aliyev, do Azerbaijão.Presidente Ilham Aliyev exige que Moscou “admita sua culpa” após queda de avião, ainda que não intencional, com 38 mortes.Créditos: Presidência do Azerbaijão
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O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, afirmou neste domingo (29) que o avião azeri que caiu na semana passada foi abatido pela Rússia, ainda que de forma não intencional, e criticou Moscou por tentar “abafar” o incidente durante dias.

“Podemos dizer com total clareza que o avião foi abatido pela Rússia... Não estamos dizendo que foi feito intencionalmente, mas foi feito”, declarou Aliyev à televisão estatal do Azerbaijão.

Segundo o presidente, o avião, que caiu na quarta-feira (25), Dia de Natal, no Cazaquistão, foi atingido por disparos terrestres sobre a Rússia e “ficou incontrolável devido a uma guerra eletrônica”.

Aliyev também acusou a Rússia de apresentar versões confusas sobre o ocorrido nos primeiros dias após o acidente, classificando-as como “delirantes”.

“Infelizmente, durante os primeiros três dias não ouvimos nada da Rússia além de versões absurdas”, afirmou.

O acidente resultou na morte de 38 das 67 pessoas a bordo. Segundo o Kremlin, sistemas de defesa aérea russos estavam em operação perto de Grozny, capital da república russa da Chechênia, para repelir um ataque de drones ucranianos quando o avião tentou pousar.

Leia aqui a transcrição da entrevista na íntegra, em inglês.

Demandas do Azerbaijão

Aliyev revelou que o Azerbaijão fez três exigências à Rússia em relação ao acidente:

Pedido de desculpas – Já cumprido, com o presidente russo Vladimir Putin tendo se desculpado no sábado (27), classificando o incidente como uma “tragédia”.

LEIA TAMBÉM: Putin pede desculpas por acidente de avião no espaço aéreo russo, mas não assume responsabilidade

Admissão de culpa – Exige que Moscou reconheça formalmente sua responsabilidade.

Punição e compensação – Busca que os culpados sejam responsabilizados criminalmente e que indenizações sejam pagas ao Azerbaijão, às vítimas e às suas famílias.

Embora Putin tenha expressado pesar pelo ocorrido, ele evitou assumir publicamente a responsabilidade da Rússia, ressaltando que a investigação ainda está em andamento e que a “versão final dos eventos será conhecida após a análise das caixas-pretas”.

Investigação internacional

Aliyev enfatizou que o Azerbaijão é favorável à participação de especialistas internacionais na investigação do acidente e rejeitou categoricamente a sugestão russa de que o Comitê Interestadual de Aviação, dominado por oficiais russos, lidasse com o caso.

“Não é segredo que essa organização é composta majoritariamente por funcionários russos. Não se poderia garantir plena objetividade aqui”, destacou Aliyev.

Contexto do acidente

O avião Embraer 190 da companhia Azerbaijan Airlines, partiu de Baku, capital do Azerbaijão, com destino a Grozny, mas desviou sua rota em direção ao Cazaquistão, onde caiu durante uma tentativa de pouso na cidade de Aktau, às margens do Mar Cáspio.

Passageiros e membros da tripulação que sobreviveram relataram ter ouvido barulhos altos na aeronave enquanto ela sobrevoava Grozny.

Autoridades russas alegaram que drones ucranianos estavam atacando a região de Grozny na noite do acidente, o que levou ao fechamento do espaço aéreo local.

Paralelos com outros incidentes

O acidente é o segundo incidente fatal relacionado à aviação civil e ao conflito na Ucrânia. Em 2014, o voo MH17 da Malaysia Airlines foi abatido por um míssil russo, matando todas as 298 pessoas a bordo enquanto sobrevoava uma área controlada por separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.

Embora Moscou tenha negado envolvimento no caso do MH17, um tribunal holandês condenou, em 2022, dois russos e um ucraniano pró-Rússia por seu papel no ataque.

A tragédia recente reacende preocupações sobre os impactos colaterais do conflito em andamento na Ucrânia na segurança da aviação civil na região.

Com informações do The Guardian

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