De acordo com um comunicado do Departamento de Estado dos EUA, divulgado na última quarta-feira (18/12), o governo norte-americano vai aplicar um pacote de sanções a empresas de tecnologia militar do Paquistão e ao Complexo de Desenvolvimento Nacional do país (NDC, na sigla em inglês), por suposta "disseminação de armas de destruição em massa".
O Paquistão faz parte do grupo de nove países em posse de tecnologia nuclear em todo o mundo (junto aos EUA, Rússia, Reino Unido, China, França, Índia, Israel e Coréia do Norte). Ao todo, estima-se que haja 170 ogivas no país, que não é membro do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
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Um outro país que não assina esse tratado é os Estados Unidos.
O Departamento de Defesa norte-americano afirmou que vê os recentes desenvolvimentos do programa de mísseis balísticos paquistanês como uma ameaça em ascensão — e sugeriu que ele pode, eventualmente, tornar o Paquistão capaz de atingir alvos de mais longa distância, para além do sul do continente asiático, caso seu setor de defesa continue a buscar desenvolvimentos tecnológicos no setor nuclear.
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Desde 1980, o programa nuclear do Paquistão tem servido principalmente para lider com seu principal inimigo, a Índia, e conta com pelo menos quatro famílias de mísseis principais: a Ghauri, com alcance de 1.300 km; a Shaheen, cujo modelo mais avançado atinge até 2.750 km; a Haft, de mísseis táticos de alcance curto e intermediário; e o Babur, que não é um míssil balístico e alcança no máximo 700 km.
"A Ordem Executiva 13382, assinada pelo Presidente [dos EUA] em 29 de junho de 2005, tem a autoridade para congelar os ativos dos proliferadores de armas de destruição em massa e seus apoiadores, e para isolá-los financeiramente", diz o texto do Departamento de Estado, invocada como justificativa para sancionar as empresas acusadas de envolvimento no programa nuclear paquistanês, que congela os ativos das entidades envolvidas e as proíbe de desenvolver qualquer negócio com cidadãos americanos.
As três empresas privadas alvo do pacote de sanções foram a Affiliates International, Akhtar and Sons Private Limited e a Rockside Enterprise, além do próximo Complexo Nacional de Desenvolvimento do Paquistão.
Apenas uma família de mísseis paquistaneses — a Shaheen — seria capaz de carregar mísseis nucleares.
“À luz da contínua ameaça de proliferação dos sistemas de mísseis de longo-alcance do Paquistão, os Estados Unidos estão designando quatro entidades para receber sanções de acordo com a Ordem Executiva (OE) 13382”, diz o comunicado do Departamento de Defesa, que também impôs sanções ao vice-comandante da Força Aeroespacial do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos do Irã na quarta (18/12), e a duas entidades iranianas por “auxiliar na produção de mísseis balísticos e veículos aéreos não tripulados fornecidos à Rússia”.
Em julho de 2024, o Exército norte-americano anunciou que, até 2026, um novo sistema de mísseis de alcance médio deve ser instalado na Alemanha, composto por um míssil multiuso (SM-6), um míssil de cruzeiro de ataque terrestre (Tomahawk) e um míssil hipersônico ainda em desenvolvimento.
Além disso, de acordo com o veículo RT, há uma série de novas tecnologias sendo desenvolvidas pelas potências ocidentais, em especial os membros da OTAN, com projetos de implantação robustos previstos para a próxima década.
O PrSM, um míssil balístico tático de precisão que alcança até 500 km e foi recebido pelos EUA em 2023, teria mais quatro mil unidades a caminho das forças norte-americanas. Estima-se uma taxa de produção de 240 a 260 mísseis por ano, com a criação de um projeto de implantação até 2027 e o desenvolvimento um novo míssil mais potente (que alcança até 800 km) até 2030.
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