O grupo das maiores economias do sul global, Brics, pode ter mais um objetivo disruptor à vista: unir esforços para a criação de uma inteligência artificial própria, que poderia competir com os projetos norte-americanos no setor.
A ideia foi exposta pelo presidente russo, Vladimir Putin, em uma fala na última quarta-feira (11/12), durante a principal conferência sobre inteligência artificial da Rússia, mas ainda não teve confirmação pública de outros membros do grupo.
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De acordo com ele, a AI Alliance Network, uma plataforma que conecta desenvolvedoras nacionais de IA, deve incluir instituições de desenvolvimento de países do Brics, além de outros estados interessados, para uma colaboração no desenvolvimento das novas tecnologias em IA.
A ideia é criar "uma inteligência artificial forte", afirmou Putin, que permita à Rússia "participar em igualdade de condições na corrida [tecnológica] global".
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A necessidade de superar a política de sanções ocidentais, que privam a Rússia — e têm atuado também sobre o setor de alta tecnologia chinês — de acessar insumos tecnológicos chave para o desenvolvimento de IA, é parte do que motiva essa aliança.
A dificuldade de acesso a microchips, necessários para as unidades de processamento gráfico (GPUs) que permitem o desenvolvimento de IAs, tem sido um grande empecilho ao Sberbank, maior credor da Rússia e líder no desenvolvimento de IA do país.
Com a AI Alliance Network, Putin quer expandir o mercado de IA entre os países membros do Brics, que poderia significar receitas de até 11,2 trilhões de rublos (ou US$ 109 bilhões) até 2030.
Apesar de contar com dois modelos próprios (o GigaChat, da Sberbank, uma IA generativa) e o YandexGPT (da russa Yandex), a Rússia ainda não se equipara aos EUA e à China em tecnologia de inteligência artificial, e está na posição 31 entre 83 países dedicados à inovação nesse setor, de acordo com dados globais da Tortoise Media.
Essa posição coloca a Rússia atrás de Índia e Brasil, que também compõem o Brics.
"Estou confiante que a aliança internacional de associações nacionais e institutos de desenvolvimento no campo da IA dos países do Brics e de outros Estados interessados dará um impulso significativo para tal cooperação", disse ele durante a conferência.
Uma aliança potencial com a China, que já é a maior concorrente dos EUA no setor, poderia elevar os prospectos da Rússia — e do Brics, em caso de uma parceria conjunta — de maneira significativa.
