O desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) deve causar impactos importantes na sociedade e na economia de uma forma geral e muitos já analisam como o mercado de trabalho será afetado pelo aumento da automação. Além disso, implicações éticas e legais, como a violação de dados pessoais e de direitos autorais e de imagem também trazem motivos de preocupação.
Mas se estes são os efeitos mais evidentes, não são os únicos. Os data centers responsáveis pela IA podem representar 0,5% do consumo global de eletricidade até 2027, segundo um estudo revisado por pares, algo equivalente ao consumo anual da Argentina. A Goldman Sachs previu que estes centros tecnológicos representariam 8% do consumo de energia dos EUA em 2030.
Existe, no entanto, uma outra ameaça pouco falada e que representa um grande perigo ao meio ambiente, já degradado e em risco em quase todo o mundo.
Uma equipe de cientistas da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade Reichman de Israel realizou uma simulação com diversos cenários para verificar a quantidade de resíduos que serão gerados somente pela IA generativa, aquela que usa algoritmos para produzir conteúdos como textos, imagens e vídeos, até o final desta década.
O estudo, publicado na Nature, aponta que, no cenário onde há um crescimento maior na utilização da Inteligência Artificial, haveria um aumento de até 5 milhões de toneladas entre 2023 e 2030.
Resíduos problemáticos
O problema não é somente o aumento da geração de lixo eletrônico, mas também pelo fato destes resíduos serem poluentes, liberando no ambiente quantidades elevadas de substâncias tóxicas, como o chumbo, o mercúrio ou o cromo.
Segundo os autores do estudo, estratégias de economia circular como prolongar, reutilizar e reciclar hardware de IA generativa poderiam reduzir a criação de lixo eletrônico em 16% a 86%.
Dados do The World Counts mostram que 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico são geradas todo ano, no mundo todo. É como jogar fora 800 laptops a cada segundo. Apenas 12,5% do lixo eletrônico é reciclado e 85% dele é enviado para aterros sanitários e incineradores, liberando toxinas nocivas no ar.
"Trabalhadores em locais de lixo eletrônico recebem uma média de US$ 1,50 por dia. Eles ficam desprotegidos enquanto trabalham com substâncias tóxicas no local. Eles são os primeiros a inalar as toxinas que são liberadas no ar quando peças eletrônicas são queimadas. Muitos desses trabalhadores são crianças!", aponta o The World Counts.
Com informações do Hipertextual