Um estudo desenvolvido pelo pesquisador Adriano Lameira, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, aponta que o beijo, tão comum, principalmente nas sociedades ocidentais, pode ter uma origem nada romântica.
O novo trabalho sobre o tema, publicado na revista científica Evolutionary Anthropology, sugere que o ato de beijar tem grandes chances de ter uma origem, digamos, mais objetiva: a limpeza de parasitas.
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A tese aponta que o beijo, como se conhece atualmente, nada mais é do que um vestígio evolutivo das sessões de higiene dos nossos ancestrais primatas. Além disso, pode estar intimamente relacionado aos pelos do corpo.
Um hábito corriqueiro entre os chamados “grandes primatas”, que incluem chimpanzés e gorilas, é chamado de “catação”. É quando um animal utiliza as mãos para mexer nos pelos do outro e retirar parasitas. O comportamento ajuda a manter a higiene e também a criar vínculos.
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Lameira argumenta que, depois da “catação”, esses animais, frequentemente, realizam um ato final: pressionam os lábios e fazem uma leve sucção para retirar detritos ou parasitas do pelo do parceiro.
“O beijo não é um sinal de afeto derivado do ser humano, mas uma forma de higiene primata que manteve sua forma, contexto e função ancestrais”, destaca o pesquisador.
Os seres humanos têm mais de 99% do seu DNA compartilhado com os chimpanzés e são parte da família taxonômica dos grandes primatas.
“À medida que os seres humanos foram perdendo seus pelos ao longo de milhares de anos, essas “sessões de limpeza” se tornaram menos necessárias. Porém, o último gesto teria persistido como um sinal social, evoluindo gradualmente para o beijo que conhecemos hoje”, afirma o pesquisador.
Estudos futuros
A teoria desenvolvida por Lameira abre um caminho promissor para pesquisas futuras a respeito da evolução do beijo e de outros comportamentos humanos.
Diante disso, o pesquisador sugere que a comparação dos hábitos de higiene entre variadas espécies de macacos, principalmente aqueles com diferentes densidades de pelos, poderia revelar pistas relevantes a respeito da origem e da evolução desse gesto.
“Para entender a evolução futura do beijo humano e de outros comportamentos exclusivos de nossa espécie, será importante levar em conta e pesar a influência do contexto socioecológico, cognitivo e comunicativo mais amplo dos ancestrais humanos”, acrescenta Lameira.
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