ORIENTE MÉDIO

Cessar-fogo Israel-Hezbollah: por que acordo é lido como derrota por sionistas

Armistício entrou em vigor na madrugada; ex-diretor de inteligência de Israel reconhece fracasso no campo de batalha

Créditos: Haim Zach/Gabinete de Comunicação do Primeiro-Ministro de Israel
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Nesta quarta-feira (27), foi oficializado o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, encerrando mais de um ano de confrontos entre o grupo xiita libanês e o regime sionista.

A negociação foi mediada pelos governos dos Estados Unidos e da França, com o objetivo de interromper os combates e abrir caminho para futuras negociações.

A medida foi anuncia pelo presidente dos EUA Joe Biden na terça (26) e entrou em vigor já na madrugada às 4 da manhã no horário de Beirute.

O conflito se estendia desde outubro do ano passado, mas se intensificou em setembro com uma tentativa fracassada de invasão terrestre de Israel contra o sul do Líbano.

Principais pontos do acordo

 

  • Validade inicial: O cessar-fogo terá duração inicial de 60 dias.
  • Recuo militar: O Hezbollah deve retirar seus combatentes para posições ao norte do rio Litani, aproximadamente 40 quilômetros distante da fronteira com Israel. O regime sionista iniciará uma retirada gradual de tropas do território libanês.
  • Controle da fronteira: O exército libanês será responsável por ocupar as áreas anteriormente controladas pelo Hezbollah, deslocando cerca de 5.000 soldados para o sul do Líbano.
  • Supervisão internacional: Um comitê multinacional, formado por representantes da ONU, Estados Unidos e França, monitorará a aplicação do acordo e solucionará possíveis violações.


Conflito e consequências

Forças militares do Hezbollah.
Créditos: Tasnim News Agency reporter (uncredited)

Desde outubro de 2023, o Hezbollah intensificou suas ações em apoio à resistência palestina, atacando posições israelenses. Israel retaliou com bombardeios, incluindo ataques contra civis e jornalistas, e em setembro de 2024, abriu uma frente de guerra contra o Líbano.

Entre as ações israelenses, destacaram-se ataques com explosivos em dispositivos como pagers e walkie-talkies e uma tentativa frustrada de invasão terrestre ao sul do Líbano.

Ataques de "decapitação" realizados por Israel tinham como alvo lideranças do Hezbollah, incluindo Hassan Nasrallah, chefe religioso e político do grupo.

Balanço do conflito:

  • Mortes no Líbano: Pelo menos 3.800 pessoas - com boa parte de civis, incluindo centenas de mulheres e crianças
  • Deslocamentos no Líbano: Mais de 1,4 milhão de libaneses ficaram desabrigados.
  • Mortes em Israel: 80 soldados e 46 civis.
  • Deslocamentos em Israel: Cerca de 96.000 pessoas tiveram que deixar suas casas.

Uma derrota para Israel?

Embora Israel tenha causado grandes danos ao Líbano, aceitou o cessar-fogo devido à incapacidade de atingir seus objetivos militares no curto prazo e aos elevados custos de continuar o combate.

Apesar das perdas, o Hezbollah manteve sua capacidade de atacar a ocupação sionista e reafirmou sua posição no campo de batalha.

Tamir Hayman, ex-chefe da Diretoria de Inteligência Militar de Israel, reconheceu o fracasso israelense em entrevista à The Economist: "Por meio do combate ousado contra o exército israelense, os combatentes do Hezbollah incorporaram a noção de que é somente no campo de batalha que as equações são estabelecidas", afirmou.

Avigdor Lieberman, líder do partido de extrema-direita Yisrael Beiteinu, afirmou que o acordo é uma rendição de Netanyahu. Lieberman disse que Netanyahu comprou "calma de curto prazo às custas da segurança nacional de longo prazo".