A Ilha Minamitori, no extremo leste do Japão, a cerca de 1.800 km de Tóquio, não é habitada por população civil. A pequena ilha no Oceano Pacífico, de cerca de 1,2 km², é parte da Zona Econômica Exclusiva do Japão, e abriga membros das Forças de Autodefesa Marítima do país — além de funcionários do governo responsáveis pela administração do território.
Avistada pela primeira vez em 1868, por navegadores ocidentais, a ilha foi incorporada oficialmente ao Japão em 1898, e usada, durante a Segunda Guerra Mundial, como base militar. Depois foi ocupada pelos Estados Unidos, e permaneceu sob a posse desse país até 1968, quando foi finalmente devolvida aos japoneses; desde então, Minamitori tem servido como campo de pesquisas científicas, monitoramento ambiental e, com uma descoberta recente e revolucionária, como polo estratégico de recursos minerais.
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A mais de cinco mil metros no subsolo marinho, uma equipe japonesa de cientistas da Nippon Foundation e da Universidade de Tóquio fez uma descoberta valiosa: um gigante depósito de "nódulos de manganês" a ser extraído do fundo do mar.
Foram encontradas cerca de 230 milhões de toneladas de "nódulos" ricos em metais raros, como cobalto e níquel, afirmam veículos japoneses.
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A descoberta, feita durante uma pesquisa conduzida pelo grupo entre abril e junho de 2024, levou a um objetivo ulterior ao monitoramento científico de costume: iniciou um plano para a exploração e extração mineral da região, que deve ser iniciado em 2025 e tem em vista objetivos comerciais.
Foram mapeados mais de 100 locais no fundo do mar a partir de um veículo submarinho operado de forma remota. Neles, além dos "nódulos de manganês", bolinhas pretas extraídas como tufos de trufas do fundo do oceano, também foram encontrados dentes fossilizados de um tubarão pré-histórico, o megalon, cujo tamanho era colossal.
O objetivo, agora, é "extrair três milhões de toneladas [dos recursos] anualmente" e "avançar com o desenvolvimento minimizando o impacto ao ambiente marinho", afirmou Yushiro Kato, o professor de geologia da Universidade de Tóquio. Ele afirma que esses minerais têm um valor estratégico para a segurança econômica do país.
Os nódulos são fruto de milhões de anos de sedimentação de metais no fundo do oceano, de ossos de peixes e outros resíduos que se uniram durante esse processo demorado para formar até 610 mil toneladas de cobalto.
Isso, combinado às cerca de 740 mil toneladas estimadas de níquel, poderia fornecer minério para o Japão por até 75 anos.
Níquel e cobalto são amplamente utilizados nos setores de alta tecnologia, na geração de energia limpa e na fabricação de componentes elétricos.
Dentre suas diversas aplicações estão a produção de baterias de lítio utilizadas em veículos elétricos e eletrônicos (smartphones, laptops e tablets, por exemplo); a fabricação de aço inoxidável; o emprego em tecnologia verde (como usinas eólicas e energia solar, para armazenar energia); e na produção de superligas usadas na aviação, em motores a jato e outras peças dedicadas à exploração do espaço.