O mercado das criptomoedas passou por volatilidades que terminaram com saldo positivo nas últimas semanas, motivadas pela excitação dos centros financeiros com a vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas em novembro.
O Bitcoin (BTC) atingiu, nesta quarta (20), uma alta histórica notável, ultrapassando o marco de US$ 94 mil — o equivalente a cerca de R$ 547 mil.
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A expectativa dos centros financeiros pode ser associada, além de sinalizações anteriores de Trump ao setor, durante sua campanha presidencial, a uma movimentação revelada pelo jornal norte-americano Financial Times acerca da Trump Media and Technology Group, empresa fundada em 2021 pelo presidente recém-eleito.
A empresa de Trump estaria em negociações para adquirir as ações integrais da Bakkt Holdings, uma empresa de criptoativos com posse majoritária da Intercontinental Exchange, especializada em operações e manejo de "criptos", que oferece uma plataforma API para a negociação virtual das moedas.
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De acordo com a Forbes, a expectativa da vitória de Trump trouxe pelo menos US$ 24 bilhões de lucro ao mercado de criptomoedas após 1° de setembro. A comoção dos investidores inflou o preço das ações e expandiu a fortuna de bilionários do setor em altas de até 123%, como a avistada pelo CEO da Galaxy Digital (empresa de ativos digitais), Mike Novogratz.
O lançamento das operações de Bitcoin da BlackRock, multinacional estadunidense de investimento e gestão de ativos e riscos — o iShares Bitcoin Trust (IBIT), primeiro fundo de Bitcoin negociado em bolsa —, foi um outro fator responsável pela alta abrupta do ativo, e chegou a gerar cerca de US$ 1,9 bilhão em valor de negociação, conforme noticiou o Money Times.
De terça (19) para quarta (20), num período de 24h, o BTC registrou um crescimento de 1,9% (com mercados que funcionam de maneira ininterrupta, ao contrário dos centros financeiros "tradicionais"). No mês de novembro, o ativo já acumula uma alta de 34,7%.
Durante a campanha de Donald Trump, nas semanas anteriores, o presidente eleito fez alguns “acenos” ao mercado de criptomoedas, dando a entender que sua administração flexibilizaria as regulamentações sobre as transações e até criaria uma reserva federal lastreada em criptomoedas.
O investimento em BTC, criptomoeda lançada em 2009, passou por ânimos exacerbados entre 2013 e 2016, alimentados pela alta expectativa dos mercados em iniciativas blockchain — sistema aberto de transações baseado em criptografia de dados.
No primeiro grande boom da moeda, ainda em 2013, seu preço atingiu o pico de mil dólares; no ano seguinte, com a crise da maior exchange da época, a cripto japonesa Mt. Gox (que correspondia a 70% das transações em 2014), o BTC sofreu uma redução significativa e passou a valer US$ 315.
De 2016 em diante, no entanto, recuperou os ânimos de investidores e esteve em crescimento exponencial, influenciado pela redução das emissões (que ocorre a cada quatro anos para regular sua disponibilidade) e por sua maior adoção em diferentes mercados.
Apesar de serem vistas como "paralelas" ou "alternativas" aos centros financeiros da economia tradicional, as criptomoedas são ativos financeiros suscetíveis às instabilidades da economia financeira mainstream, e suas volatilidades de valor, quando combinadas à falta de um “caminho institucional” (por serem ativos livres), os assemelham mais a um transacionável que a uma moeda de reserva de longo prazo.
Se a alta histórica for sustentada, o BTC pode atingir o valor de US$ 100 mil. Isso, somado à promessa de menos regulamentação por parte da administração de Trump, pode contribuir com a formação de uma bolha — de maior ou menor grau de risco — das criptomoedas.