Na terça-feira (19), os Estados Unidos voltaram a se manifestar acerca das eleições presidenciais venezuelanas, ocorridas em julho de 2024, que elegeram novamente Nicolás Maduro, do Partido Socialista Unido da Venezuela, na disputa com Edmundo González, da Plataforma Unitária Democrática, partido de centro-direita.
De acordo com o secretário de estado, Antony Blinken, os EUA não reconhecem a vitória de Maduro, mas a de González, que obteve 44,2% dos votos, de acordo com o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano.
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O secretário se manifestou na rede social X, dizendo que "O povo venezuelano" fez, no dia 28 de julho, de "Edmundo González o presidente eleito", e que "a democracia exige respeito pela vontade dos eleitores".
A manifestação é parte de uma política de ostracismo que quer tornar a Venezuela país não quisto na política externa dos EUA, e vem junto à aprovação, em novembro de 2024, de uma nova medida de lei contra o governo da Venezuela pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos (o equivalente à Câmara dos Deputados na versão brasileira).
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Lei BOLIVAR
A Câmara aprovou a Lei bipartidária de Proibição de Operações e Arrendamentos com o Regime Autoritário Ilegítimo da Venezuela (apelidada pela sigla BOLIVAR). A "Lei Bolívar" é parte de um regime de sanções contra o governo de Maduro e o regime chavista, e prevê a proibição de contratação, por parte do governo norte-americano, de "qualquer pessoa que tenha operações comerciais" com o "governo ilegítimo de Nicolás Maduro". Também se opõe às relações com "qualquer sucessor" do regime venezuelano que não seja aprovado pelos Estados Unidos.
Quem está por trás da elaboração dessa lei é Mike Waltz, congressista originário da Flórida e ex-veterano militar escolhido por Trump para o cargo de próximo Conselheiro de Segurança Nacional da administração vindoura.
Apesar de ser projeto de um republicano, a Lei Bolívar, que é bipartidária, foi apoiada também pelo partido democrata, e não é a primeira a direcionar restrições do tipo ao governo venezuelano.
Uma outra lei nacional de defesa, de 2020, proibia o Departamento de Defesa norte-americano de se relacionar contratualmente com empresas cujas entidades fossem de algum modo ligadas a Maduro e a seu regime, e a nova lei aprovada pela Câmara continua esse legado com as mesmas restrições para o restante das alas governamentais dos EUA.
A democrata por trás de sua aprovação, em conjunto a Waltz, é Debbie Wasserman Schultz, também originária da Flórida, que se disse "orgulhosa de ajudar a liderar" o projeto de lei que deve "cortar a rede de apoio de Maduro" e "enviar uma mensagem clara de que os americanos não tolerarão a repressão antidemocrática".
Em abril de 2024, os EUA restabeleceram sanções aos setores de petróleo e gás da Venezuela, que restringe a livre associação de petroleiras do país em negócios com o governo venezuelano e sua estatal de energia. A retomada das sanções, que haviam sido flexibilizadas antes das eleições, foi justificada pela "não abertura do processo democrático" por parte da Venezuela, conforme noticiou a CNN.
A Venezuela tem 94,1% de suas exportações baseadas em petróleo, e as sanções à sua comercialização, parte estratégica de política externa dos EUA, intensificam a profunda crise econômica e o ostracismo sofrido pelo país.