Na reta final da campanha nos Estados Unidos, Donald Trump deu hoje, na Virgínia, mais um exemplo de como usa seus comícios para empurrar seguidores e novos eleitores para pesquisas no Google.
A campanha republicana é muito mais pobre que a de Kamala Harris e isso fica claro nos cenários mambembes, na iluminação ruim e nas constantes falhas no som.
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Porém, os republicanos exploram com maestria Trump, a celebridade. Ele faz longos discursos em que enfia ofensas a adversários, causos pessoais e piadas -- sempre para divertir o público.
Trump usa palavrões e faz piadas de cunho sexual, aparentemente com o objetivo de manter o noticiário da campanha centrado nele.
Outra ênfase é na suposta ameaça de imigrantes ilegais aos Estados Unidos, que Trump dramatiza com mentiras e sua fértil imaginação.
Facção da Venezuela
Trump faz constantes menções à facção criminosa Bonde de Aragua, da Venezuela, e MS-13, gangue originária de El Salvador -- o que multiplicou as buscas no Google sobre os dois grupos.
Hoje, na Virgínia, Trump recebeu no palco a equipe de natação feminina da faculdade Roanok, que fez campanha para impedir que uma nadadora trans se juntasse ao time.
O caso fez lembrar o da nadadora Lia Thomas, que depois de competir como homem fez a transição, cumpriu os prazos e tornou-se campeã nacional universitária -- em meio a intensa polêmica nacional.
Trump coloca como uma de suas prioridades "evitar que homens compitam em esportes femininos".
Na questão dos imigrantes, Trump traz vítimas de crimes violentos para o palco.
Ele transformou o caso da menina Jocelyn Nungaray, de 12 anos de idade, num drama nacional. Ela foi assassinada no Texas por dois imigrantes ilegais da Venezuela, que haviam sido apreendidos pela Patrulha da Fronteira mas soltos em seguida, com a promessa de que se apresentariam à Justiça.
Em outros palavras, os republicanos criaram "novelas" específicas sobre os temas que mais favorecem Trump, que ele propagandeia nos comícios -- e, com isso, turbina buscas no Google.
Os temas são sempre emotivos, capazes de tirar o eleitor de casa -- num país em que o voto não é obrigatório.
Isso faz parte da estratégia de engajar eleitores que normalmente não votariam, este ano especialmente homens jovens, brancos, negros e hispânicos.
Para reforçar sua mensagem, Trump aparece ao lado de jogadores de futebol americano, rappers negros e podcasters que não são especializados em política, mas atraem um grande número de jovens.
O fato de Trump ter feito hoje um comício na Virgínia, estado tradicionalmente democrata, demonstra a crença dos marqueteiros de que ele pode vencer de maneira inesperada em alguns estados -- New Hampshire e Novo México fazem parte da lista -- para compensar um eventual triunfo de Kamala Harris no chamado "paredão azul", que inclui Wisconsin, Michigan e Pensilvânia.