"MACHO MAN"

Trump investe na testosterona contra as causas identitárias

Obama, por sua vez, diz que o bilionário mimado nunca trocou um pneu

Medo.Este casal da Pensilvânia quer se mudar para a Itália se Trump for eleito, com medo de possível perseguição aos LGBTQIA+ nos EUA.Créditos: Fernando Cavalcanti
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De maneira diplomática, o senador Bernie Sanders disse publicamente que a candidata democrata Kamala Harris deveria abandonar as platitudes de campanha e falar mais diretamente aos interesses dos trabalhadores dos Estados Unidos, especialmente no decisivo estado da Pensilvânia.

Os correspondentes da Fórum em Pittsburgh para as eleições dos EUA em 2024, Mike Elk e Fernando Cavalcanti, registraram o discurso de Sanders em Erie, na Pensilvânia.

"Quem vencer na Pensilvânia deve se tornar o próximo presidente. Estamos vivendo em uma Nação -- e falamos pouco sobre isso -- onde nunca houve tanta desigualdade de renda e riqueza. Temos três pessoas, uma delas o Elon Musk, que concentram mais riqueza que 50% dos estadunidenses da base da pirâmide", disse Bernie.

Assessores de Kamala não querem saber desta linha de raciocínio para não alimentar o discurso de Trump de que a vice-presidente é uma "esquerdista lunática".

Em vez disso, priorizaram colocar a candidata ao lado de Liz Cheney, a ex-deputada republicana, filha do ex-vice-presidente Dick Cheney, um dos cérebros por trás da desastrada invasão do Iraque pelos Estados Unidos.

Em tese, Cheney poderia atrair os "eleitores moderados", mas Bernie Sanders e a esquerda do Partido Democrata acreditam que a candidata deveria priorizar questões econômicas.

Rei da testosterona

Trump segue em sua estratégia de se apresentar como o rei da testosterona (ver detalhes no vídeo acima), com o objetivo de ganhar votos dos homens negros e hispânicos, mas especialmente dos jovens brancos.

Frequenta estádios de futebol e, nos comícios, apresenta-se como o único capaz de falar olho-no-olho com Vladimir Putin e Xi Jinping.

É, de certa forma, um retorno à estratégia de 2016, quando Trump derrotou Hillary Clinton numa campanha marcada pela misoginia.

Os discursos mais recentes do republicano incluem várias referências à "cultura woke", críticas às cirurgias para mudança de sexo e à possibilidade, que só existe na cabeça dele, de homens participarem de competições esportivas com mulheres.

A campanha exibe um vídeo em que mistura cenas de treinamento militar duro -- que são parte do filme Nascido para Matar -- e as contrapõe a imagens das redes sociais de soldados LGBTQI+ que seriam apoiadores de Kamala.

Em outras palavras, Trump explora o ressentimento dos homens estadunidenses com movimentos como o Me Too.

Os democratas escalaram o ex-presidente Barack Obama para atacar Trump. Em seus discursos, Obama diz que Trump é um bilionário mimado, que nunca trocou uma fralda ou um pneu.

Kamala Harris, por sua vez, tenta mobilizar sua base e ampliar a vantagem no voto feminino afirmando que, se eleito, Trump aprovará uma lei federal para banir o aborto.

Faltando uma semana para as eleições, é impossível prever qual das duas estratégias será a bem sucedida.