"Estou torcendo", disse hoje o presidente Lula sobre as eleições nos Estados Unidos.
Ele se referia à candidata democrata Kamala Harris.
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O ocupante do Planalto corre o risco de ser chamado de Mick Jagger por bolsonaristas, em caso de vitória de Donald Trump.
Porém, existem sólidos motivos para Lula acreditar que, sim, "yes we can".
O primeiro foi a piada feita por um comediante num evento de Trump no Madison Square Garden, que definiu a ilha de Porto Rico como uma "ilha de lixo" no meio do oceano.
Uma pesquisa da Universidade Central da Flórida, disseminada hoje no X pela deputada esquerdista Alexandria Ocasio-Cortez, mostra que entre eleitores originários de Porto Rico, Kamala Harris tem 85% a 8% de Trump na Flórida.
Se o resultado se repetir em estados como a Pensilvânia, onde existe um considerável número de eleitores ligados a Porto Rico, o republicano está frito.
Paredão azul
O Partido Democrata conta com vitórias de Kamala nos três estados que define como "paredão azul" para derrotar Trump -- Pensilvânia, Wisconsin e Michigan.
Hoje, em Michigan, Donald Trump fez um apelo desesperado a eleitores muçulmanos, sugerindo que a republicana Liz Cheney, ex-deputada, deveria ser fuzilada.
Liz Cheney rompeu com a filiação partidária e fez várias aparições conjuntas com Kamala Harris, tentando atrair independentes e republicanos moderados para votar contra Trump.
Se deu certo, não está claro. Possivelmente, sim, pela reação do bilionário.
Em Michigan, no entanto, Liz é um peso para os democratas, uma vez que o pai dela, Dick Cheney, como vice-presidente de George W. Bush, foi o artífice da invasão do Iraque.
Daí o apelo de Trump a eleitores árabes e muçulmanos que tem peso em Michigan. Eles já estão revoltados com a posição de Kamala Harris, na prática pró-genocídio em Gaza.
Lula tem outros motivos para otimismo: depois de uma forte inflexão em direção a Trump, as pesquisas agora apontam Kamala em curva ascendente.
Isso fez o site 538, muito respeitado por sua previsões, reduzir o favoritismo de Trump para 52% a 48%.
Pilhas de dólares
Além disso, a democrata deu uma surra em Trump na arrecadação de campanha, permitindo a ela martelar os eleitores com uma enxurrada de comercias de TV na reta final.
Para se ter uma ideia, Kamala gastou U$ 269,8 milhões em setembro, contra "apenas" U$ 77,6 de Trump.
A democrata está montada em uma imensa pilha de dólares para torrar até a próxima terça-feira, inclusive em operações para tirar os eleitores de casa -- o voto não é obrigatório nos EUA.
Trump, o "pobre" bilionário, faz comícios muito menos sofisticados que a adversária e recorre a podcasts, jogadores de futebol famosos e subcelebridades para motivar os jovens apolíticos da geração Z a sair de casa e votar na próxima terça-feira.
Se o republicano fracassar na mobilização final de seus eleitores, pode perder a eleição diante de um comparecimento massivo de democratas.
O campo de Trump vende otimismo publicamente, dizendo que ele vencerá com controle das duas casas do Congresso. A ver.
É impossível prever o favorito a partir das pesquisas publicadas nos EUA, todas com empate dentro da margem de erro -- Lula, sem dúvida, fez uma aposta arriscada.
Se a previsão não der certo, o presidente brasileiro pode sempre jogar a culpa em Joe Biden, cuja taxa de desaprovação nesta sexta-feira, 1, o Dia das Bruxas nos EUA, é de 55%.