Donald Trump frequentemente cita estatísticas cuja fonte são vozes na cabeça do próprio candidato: por exemplo, o suposto sumiço de 325 mil crianças filhas de imigrantes ilegais, que teriam morrido ou sido vítimas do tráfico sexual na fronteira entre o México e os Estados Unidos.
É fruto da imaginação fértil -- e mentirosa -- do republicano.
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Porém, um número real divulgado hoje pelo Birô de Estatísticas Trabalhistas do governo Biden é um golpe na candidata Kamala Harris na reta final da campanha.
Segundo o dado, os EUA criaram apenas 12 mil empregos em outubro de 2024, o pior número desde 2020, em plena pandemia de Covid 19.
A mídia estadunidense, que é francamente pró-Kamala, acrescentou um MAS em praticamente todas as manchetes, alertando que o dado só saiu ruim por causa dos furacões Harvey e Irma e de greves como a da Boeing.
Desemprego de apenas 4,1%
De fato, o desemprego nos EUA se manteve estável em 4,1% -- um número que, em tempos normais, reelegeria qualquer chapa.
Porém, dados anteriormente divulgados pelo governo Biden foram revisados para baixo: a economia não criou 254 mil empregos em setembro, como havia sido anunciado com fanfarra, mas 223 mil; em agosto, o número foi revisado para 78 mil.
Donald Trump tem delirado nos comícios, acusando o governo Biden de fabricar números para impulsionar a candidatura de Kamala.
Porém, ele tem razão quando diz que o Birô de Estatísticas fez uma revisão que retirou 818 mil empregos que supostamente haviam sido criados entre março de 2023 e março de 2024.
O republicano se refere a eles como "empregos fantasmas".
No caso da fraca criação de empregos em outubro, o número vai ao encontro do discurso trumpista de que ele, sim, com a proposta de taxar importações e oferecer vantagens à indústria, vai trazer de volta empregos que sumiram em estados-chave como Wisconsin, Michigan e Pensilvânia.
Se vencer nestes três estados industriais, o que é uma possibilidade, Kamala Harris vai se eleger na próxima terça-feira.
Trump conta com a vitória em ao menos um deles.
No caso da Pensilvânia, apontado como O estado decisivo, o republicano tem dito que apoiará sem qualquer restrição a exploração de petróleo e gás com o uso das técnicas de fracking, danosas ao meio ambiente.
De acordo com dados federais, há 26 mil trabalhadores no setor na Pensilvânia. Trump, porém, já exagerou este número em 3.500%, segundo um jornal de Pittsburgh.
Depois de se dizer contra o fracking, a democrata Kamala Harris voltou atrás para não perder votos.