Após o New York Times reportar que a gestão Biden autorizou o uso de mísseis de longo alcance da OTAN contra território russo pela Ucrânia, novas reportagens da imprensa europeia indicam que Reino Unido e França também adotaram a mesma postura de Washington para apoiar Kiev.
O tema não é novo. Há dois meses, o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, afirmou que a ação, anunciada neste domingo pela imprensa americana, seria equivalente a uma declaração de guerra direta contra a Rússia.
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Em um vídeo gravado em 12 de setembro, Putin foi enfático:
"Trata-se de decidir se os países da OTAN estão diretamente envolvidos no conflito militar ou não. Se esta decisão for tomada, significará apenas a participação direta dos países da OTAN, dos Estados Unidos e dos países europeus na guerra na Ucrânia", declarou o chefe do Kremlin.
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"Isso muda significativamente a própria essência, a própria natureza do conflito. Isto significará que os países da OTAN, os EUA e os países europeus estão em guerra com a Rússia", completou Putin.
O que muda?
A Ucrânia não possui tecnologia nem treinamento para utilizar mísseis de longo alcance dentro do território russo. Enfrentando perdas territoriais significativas na região mais estratégica do conflito - o Donbass -, Kiev busca há meses autorização para realizar ataques dentro do território russo.
Com mísseis de precisão de longo alcance, a Ucrânia poderia atingir grandes cidades russas, tirando Moscou da posição de conforto no conflito. Atualmente, a Rússia controla 27% do território que anteriormente pertencia à Ucrânia.
Contudo, para operar os sistemas ATACMS, a Ucrânia depende de apoio tecnológico e logístico dos países ocidentais. Isso configuraria, na prática, uma entrada mais direta de Washington e Bruxelas no conflito - algo que Moscou considera um envolvimento direto na guerra.
"Não se trata de permitir ou proibir o regime de Kiev de atacar o território russo. Isto já ocorre, com a ajuda de veículos aéreos não tripulados e outros meios", afirmou Putin em setembro.
"Quando se trata de usar armas de precisão de longo alcance fabricadas no Ocidente, a história é completamente diferente. O exército ucraniano não é capaz de desferir ataques com sistemas modernos de alta precisão e longo alcance de produção ocidental", explicou o presidente russo.
"Isto só é possível utilizando dados de inteligência de satélites, que a Ucrânia não possui. Estes são dados fornecidos apenas por satélites da União Europeia ou dos Estados Unidos, ou seja, pelos satélites da OTAN", concluiu Putin.