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Putin usa drone "mártir" para matar a Ucrânia de frio

Zelensky admite o lento avanço russo

Teste.Teste com uma bomba termobárica no mar e os drones que o Irã repassou à Rússia.
Escrito en GLOBAL el

Este domingo, 17, foi de temperatura agradável em Kiev, a capital da Ucrânia: nove graus.

No pico do inverno, pode chegar a 13 graus negativos. O recorde é de menos 25, em 1997.

Esta é uma das explicações para o massivo ataque aéreo russo à infraestrutura da Ucrânia: debilitar o inimigo antes da posse de Donald Trump e de negociações para um possível cessar-fogo.

A Rússia dificilmente detalha os ataques que realiza. 

Mas o ministro ucraniano da Energia, German Galuschenko, escreveu no Facebook:

Há outro ataque em massa ao sistema de energia. O inimigo ataca instalações de geração e transmissão de eletricidade em toda a Ucrânia.

Ele acrescentou: "A luz prevalecerá!"

Chamarizes

De acordo com a Associated Press, mais da metade dos recentes ataques de drones da Rússia à Ucrânia utilizaram chamarizes, para obrigar Kiev a gastar munição e exaurir a defesa anti-aérea.

Além disso, os drones Shahed [Mártir, em persa], cuja tecnologia foi fornecida pelo Irã, estão sendo carregados com bombas termobáricas, que espalham uma onda de explosivos líquidos, em pó ou gás. São bombas que provocam um vácuo capaz de pulverizar um ser humano.

De acordo com recente avaliação do Instituto para o Estudo da Guerra, baseado em Washington e pró-Ucrânia:

Fontes militares ucranianas relataram recentemente que as ogivas termobáricas nos drones Shahed tem de 50 a 52 quilos e que as forças russas equipam os Shahed com alcance de até 140 quilômetros. Um especialista em armas disse à Associated Press que os drones termobáricos são particularmente eficazes contra edifícios e podem causar danos significativos às centrais eléctricas da Ucrânia, particularmente críticas para a manutenção da base industrial de defesa e para o aquecimento do país.
 

Matar os ucranianos de frio é claramente um dos objetivos secundários da Rússia, um país que não costuma relutar para atingir seus objetivos militares.

Foi sob Vladimir Putin que Moscou demoliu Grozny, a capital da Chechênia, durante a guerra contra separatistas islâmicos.

Guerra de drones

Há consenso entre analistas militares de que Moscou só avança lentamente porque esta é a primeira grande guerra dos drones.

A capacidade dos drones de monitorar o inimigo em tempo real impede a concentração de blindados e tropas.

A Rússia adotou a tática de ofensivas múltiplas, às vezes despachando pequenos grupos de soldados para avançar sob a cobertura de árvores.

Neste sentido, é uma guerra muito mais parecida com a Primeira do que com a Segunda Guerra Mundial.

Zelensky admite risco

Sobre o avanço lento e contínuo dos russos, não é preciso consultar outra fonte do que o próprio presidente da Ucrânia, segundo o ISW:

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou durante uma entrevista à mídia ucraniana publicada em 16 de novembro que as forças russas estão atualmente avançando ao longo da linha de frente devido, em parte, à diminuição do moral ucraniano, exacerbado por atrasos no recrutamento de pessoal e na obtenção de equipamento para novas brigadas, além da concessão de descanso e rotação na linha de frente.

Já na guerra de propaganda, Zelensky afirma que os russos estão perdendo até 2 mil homens por dia, enquanto publicações russas falam em deserção aos milhares de jovens ucranianos levados à frente de batalha com treinamento precário.

"Todos os governos mentem", escreveu famosamente o jornalista I.F. Stone.

Cansaço do público

O cansaço da opinião pública costuma ser um fator importante para por fim a conflitos militares e a primeira conversa por telefone entre o chanceler alemão Olaf Scholz e Vladimir Putin, depois de sete anos, parece ser sintoma disso.

Detonado por Zelenky, que disse que a ligação abriu uma caixa de Pandora, Scholz enfrenta eleições em 23 de fevereiro de 2025, depois que a coalizão governista alemã implodiu.

A extrema-direita, que condena apoio militar alemão à Ucrânia, está em ascensão.

A guerra fez disparar os preços de energia em toda a União Europeia depois que a UE, atendendo aos EUA, adotaram um bloqueio econômico quase total contra Moscou.

Os europeus sentem a guerra no bolso por conta da disparada dos preços de energia, inclusive no aquecimento de suas próprias casas.

Já a inflação dos alimentos, um fenômeno sentido em quase todo o Ocidente, tem a ver também com a desorganização dos mercados pós-pandemia. Nos EUA, foi um dos principais fatores para a derrota de Kamala Harris e pode frustrar o presidente Lula em sua tentativa de reeleição em 2026.