Ontem (3), em resolução de um acordo que começou a ser negociado ainda no ano passado, os britânicos cederam a soberania do Arquipélago de Chagos (grupo formado por mais de 60 ilhas localizadas no Oceano Índico) à República de Maurício, território que se tornou independente do Reino Unido em 1968.
A República de Maurício é formada por um conjunto de ilhas a leste de Madagascar, e fora administrativamente separada pelos britânicos do seu arquipélago no Oceano Índico — então chamado “Território Britânico do Oceano Índico” — em 1965 (antes mesmo de ter sua independência reconhecida).
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Essa separação foi feita para que a administração britânica da região pudesse erguer, na ilha principal do arquipélago — ilha de Diego Garcia —, uma base militar em conjunto com os Estados Unidos, num movimento de "ocupação ilegal", de acordo com habitantes das ilhas de Chagos.
O Reino Unido chegou a deportar cerca de duas mil pessoas que habitavam Chagos para as Ilhas Maurício, a fim de tomar o controle da região e ocupá-la com militares do serviço britânico.
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Agora, depois de quase dois anos de negociações para a retomada dos direitos de soberania do arquipélago, a República de Maurício e os britânicos finalmente finalizaram o acordo de devolução — elogiado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, em comunicado que ainda comemora um outro termo do acordo: a manutenção de uma base militar estrangeira na região.
A base de Diego Garcia, construída pelos EUA em parceria com a Grã-Bretanha na década de 1970, vai continuar a ser territorialmente administrada pelo Reino Unido "por um período inicial de 99 anos", diz a cláusula do acordo.
O local é considerado estratégico e "fundamental para a segurança regional e global", de acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, e está atualmente "arrendado" para operações dos EUA — o acordo de arrendamento foi travado em 2016 e deve durar até 2036.
A retomada da soberania administrativa das Ilhas de Chagos, não obstante, foi considerada um avanço pelo ministro das Relações Exteriores das Ilhas Maurício, Maneesh Gobin, que disse ser “um dia inesquecível para comemorar a plena soberania da República de Maurício sobre todo o seu território" nesta quinta (3).