CRISE

Assembleia da Venezuela ameaça Amorim e relação entre países se complica

Após o veto do Brasil à entrada dos venezuelanos no Brics, as relações diplomáticas entre as duas nações se aproximam do rompimento

Assembleia da Venezuela ameaça Amorim e relação entre países se complica.Créditos: Reprodução redes sociais
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O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, declarou nesta quarta-feira (30) que o diplomata Celso Amorim, que também é assessor especial do presidente Lula (PT) para assuntos internacionais, será declarado persona non grata.

A moção, que deve ser apresentada ainda nesta quarta-feira pela Assembleia Nacional da Venezuela, é uma resposta ao fato de o Brasil ter vetado a entrada da Venezuela no BRICS durante a 16ª cúpula do bloco, que ocorreu na semana passada em Kazan, na Rússia.

Além de declarar Celso Amorim persona non grata na Venezuela, Rodríguez também apresentou um relatório com supostas informações de que o chanceler brasileiro teria tido contato com autoridades de outras nações às vésperas das eleições venezuelanas, que ocorreram em 28 de julho último.

Em comunicado, Amorim é acusado de manter relações escusas com os países do Norte (EUA e Europa). "Ou ele (Amorim) nos respeita ou faremos com que nos respeite. Pediremos ao plenário da Assembleia Nacional que o declare persona non grata e não nos importamos com os compromissos ou conciliações que alcançou com os seus mestres do norte", disparou Jorge Rodríguez.

Mas, apesar da braveza contra o chanceler Celso Amorim, o líder venezuelano afirma que as críticas são exclusivas ao diplomata brasileiro e que "a Venezuela respeita as instituições do Estado da República Federativa do Brasil".

"Mensageiro do imperialismo"

A atitude do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela se soma ao fato de que o governo venezuelano convocou nesta quarta-feira (30) seu embaixador em Brasília para retornar ao país.

Celso Amorim se tornou alvo do governo da Venezuela após afirmar que, "no caso da Venezuela, houve uma quebra de confiança dentro do processo eleitoral, algo nos foi dito e não foi cumprido. Não quero personificar, vamos ver como isso evolui", declarou Amorim em audiência na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (29).

O teor da declaração de Amorim enfureceu o governo de Nicolás Maduro, que classificou a fala do assessor especial de Lula como "intervencionista e grosseira".

Para o governo de Maduro, Amorim "tem se comportado mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano e se dedicado, de maneira impertinente, a emitir juízos de valor sobre processos que são responsabilidade exclusiva dos venezuelanos e de suas instituições democráticas".

Além de ter convocado seu diplomata, o governo de Maduro também convocou o representante do Brasil para negócios, a fim de dar explicações.

O governo brasileiro ainda não se pronunciou sobre a mais recente ação da Venezuela.