O presidente Vladimir Putin, na entrevista coletiva de encerramento da reunião dos BRICs em Kazan, não fez segredo.
Tratou publicamente aquilo que, na diplomacia, em geral fica nos bastidores.
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"Com respeito às avaliações brasileiras sobre a situação na Venezuela, conhecemos essas avaliações. Nossas posições não coincidem com as do Brasil sobre a Venezuela. Estou falando sobre isso abertamente. Estávamos conversando sobre isso anteontem por telefone com o presidente do Brasil, com quem tenho um relacionamento muito bom. Acredito que seja uma relação de amigos. A Venezuela está lutando por sua independência, sua soberania", afirmou.
Putin fez questão de sublinhar que os Estados Unidos sempre apoiaram e continuam apoiando a oposição.
O líder russo disse acreditar que Nicolás Maduro venceu a eleição de forma limpa. E acrescentou:
Queremos que o Brasil e a Venezuela, em uma discussão bilateral, resolvam sua situação. Eu conheço o presidente Lula como um homem muito decente e honesto. Inclusive em nossa conversa telefônica, ele pediu para mandar um recado ao presidente da Venezuela.
Putin não disse qual foi a mensagem.
Veto brasileiro
Os BRICS aceitaram 13 novos parceiros na reunião sob a presidência da Rússia: Argélia, Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Indonésia, Casaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
O Brasil vetou a Venezuela.
Numa relação bilateral com Maduro, Putin disse que a Rússia apoia a entrada da Venezuela no bloco.
Em um encontro coletivo de líderes, elogiou o governo Maduro:
A Venezuela sob sua liderança continua a política de [Hugo] Chávez. No ano passado o crescimento foi de 5,5%, este ano superior a 7%. Vocês estão no caminho corrreto. O governo legítimo formado sob sua liderança depois das eleições fará muito para que o país avance.
Nicolás Maduro só assume o novo mandato em janeiro.
A decisão do governo Lula sublinha um racha entre Rússia e China de um lado e Brasil e Índia de outro.
O chanceler Mauro Vieira, em entrevista à Globonews, enfatizou que o Brasil é um país do Ocidente, deixando de lado a definição de integrante do Sul Global.
O primeiro-ministro indiano Narendra Modi, por sua vez, rejeitou durante o encontro a definição do bloco como anti-Ocidente.
Falando à rede Telesur, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Congresso venezuelano, Timoteo Zambrano, disse que não faz sentido deixar de fora dos BRICS uma potência energética como a Venezuela:
Lula assumiu a posição de [Jair] Bolsonaro.
Em novembro deste ano, o Brasil sediará a reunião do G20. A presença do líder chinês Xi Jinping é considerada incerta se o Brasil não aderir ao projeto chinês de infraestrutura conhecido como Nova Rota da Seda.
O governo da Ucrânia já pediu que o Brasil prenda Putin caso ele desembarque para participar do encontro.