Após discutir a criação de uma unidade de conta alternativa ao dólar para transações internacionais, o Brics (cujos membros principais são Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) informou que tem trabalhado também no desenvolvimento de um sistema de pagamentos próprio como “alternativa ao SWIFT”.
Durante a Cúpula do grupo, que ocorre entre os dias 22 e 24 de outubro em Kazan, na Rússia, os países-membros falaram sobre os projetos para a desdolarização de suas economias — e de suas trocas financeiras — a fim de avançar na estratégia, já anunciada por Putin, de uma “nova ordem multipolar” para as economias do Sul Global.
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Especialmente caro para a Rússia, que tem sofrido as sanções mais rígidas das maiores potências do Norte Global desde 2022, quando iniciou sua investida contra a Ucrânia, o novo sistema de pagamentos seria um passo fundamental na agenda geopolítica do grupo.
Como funciona o SWIFT
O SWIFT (The Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication), criado em 1973, fornece uma rede segura para instituições de pagamento do mundo inteiro.
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Utilizado em transferências internacionais de fundos, em transações de mais de 200 países e em diferentes moedas, o SWIFT não movimenta o dinheiro de forma direta, mas funciona a partir do envio de mensagens padronizadas que dizem aos bancos como realizar as movimentações financeiras. Isso garante a segurança dos processos, além de sua rapidez e eficiência.
Apesar de ser utilizado em mais de 200 países, o SWIFT facilita sobretudo transações feitas com dólar, a moeda de reserva internacional.
Isso é um problema porque eventuais sanções dos EUA podem atingir a rede — como ocorreu com a Rússia, que foi parcialmente “excluída” do sistema —, formada majoritariamente por transações na moeda norte-americana e deixando vulneráveis, dessa forma, as economias que dela dependem.
Um sistema de pagamentos alternativo poderia, portanto, aumentar a autonomia e o poder de troca entre os países do Brics.
O que pensa o FMI
Nesta quinta (24), após as reverberações da discussão na Cúpula do Brics (que se deu ontem, 23), a diretora do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, disse que "precisa ver mais detalhes" sobre a proposta a fim de considerar o impacto de um novo sistema nas transações internacionais.
Ela disse que essa "não é uma ideia nova", mas não deu a entender que constituiria uma ameaça ao FMI. Georgieva ainda afirmou que "há diferentes membros formando diferentes grupos", e "todos eles apoiam o FMI", uma evidência da característica multilateral da instituição.
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