Em setembro deste ano, o ex-presidente dos Estados Unidos e atual candidato na eleição presidencial de 5 de novembro, Donald Trump, alegou que, se for vitorioso, há chances de que a Google só mostre "conteúdos ruins" a seu respeito.
Além disso, no atual momento da corrida eleitoral, ele acusou a corporação de serviços de busca de "só mostrar coisas boas" sobre sua concorrente, a vice-presidente Kamala Harris.
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Trump disse que "essa é uma atividade ilegal" e que espera que "o Departamento de Justiça processe criminalmente" a empresa por uma "interferência flagrante nas eleições". Ele não ofereceu nenhuma evidência do ocorrido.
Elon Musk, dono da rede social X, que recentemente perdeu uma batalha contra a Justiça brasileira por se recusar a seguir ordens judiciais em defesa do processo democrático, publicou alegações similares à de Trump contra a empresa. Mas também não ofereceu provas.
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Na última terça-feira (22), conforme noticiou a Reuters, um procurador-geral republicano do estado de Missouri — Andrew Bailey — informou que está abrindo uma investigação contra a Google por "censurar discursos conservadores".
As antipatias do republicano com a empresa vêm desde antes: em agosto, no seu perfil no X, Bailey publicou uma atualização “urgente” — ele obteve uma decisão judicial que caracterizava a Google como um “monopólio ilegal”.
À época, Bailey coordenou processo contra a empresa sob a acusação de "práticas anticompetitivas", que foi concluído com uma punição de US$ 700 milhões a serem pagos pela Google: US$ 630 milhões em restituição a consumidores que compraram produtos da Google Play Store (loja de aplicativos) entre agosto de 2016 e setembro de 2023, e US$ 70 milhões em multas.
Ele descreveu a ação como “grande vitória”, já que a empresa continuaria a “censurar vozes conservadoras”. Na ocasião, Bailey anunciou que manteria seus esforços para "proteger os cidadãos" de Missouri contra a corporação, o que foi comemorado por seus apoiadores.
Nesta quina (24), o republicano anunciou em uma nova publicação na rede social que está abrindo uma investigação contra a Google por “censura” durante a eleição que descreve como “a mais importante da história da nação”.
"O serviço de busca atende a todos os nossos usuários”, disse um representante da Google sobre o caso. “Nosso negócio se baseia em mostrar informações úteis a todos — não importa quais sejam suas crenças políticas."
A retórica tem sido adotada de maneira ampla por oficiais republicanos e apoiadores de Trump nas redes sociais, numa tentativa de chamar a atenção para algo que, embora não exista dessa forma, possa "se tornar verdade" ao longo do caminho.
O mecanismo de exibição de resultados do Google utiliza algoritmos baseados em aprendizado de máquina para apresentar os resultados mais relevantes para cada pesquisa — e para cada usuário.
Ele considera fatores como a correspondência entre as palavras-chave da busca e o conteúdo da página, a qualidade do conteúdo, a autoridade do site e a localização do usuário. A lógica por trás desses fatores é conhecida como PageRank, uma métrica que avalia a relevância e a popularidade das páginas da web.
O “viés” esperado dos mecanismos de busca é, portanto, baseado na relevância de conteúdos para cada perfil de usuário, de acordo com seus "incentivos" próprios ao algoritmo.
No entanto, resultados patrocinados, como anúncios pagos, aparecem no topo das buscas, antes dos resultados orgânicos. A Google sinaliza esses links como anúncios, embora posição privilegiada dê uma vantagem competitiva para quem investe em publicidade.
Aborto legal
Este mês, Bailey ainda renovou seus esforços para outra causa pela qual tem lutado: uma restrição mais ampla do acesso da população de Missouri ao medicamento usado em processos de aborto legal.
Ele argumenta que a disponibilidade do remédio era prejudicial ao estado por diminuir os casos de gravidez na adolescência, de acordo com o jornal Missouri Independent.
A diminuição de "taxas de natalidade de mães adolescentes" contribuiria com a perda populacional do estado e, por isso, com uma "diminuição de representação política e perda de recursos federais".