AMÉRICA CENTRAL

Guatemala: está em curso uma tentativa de golpe para impedir posse de presidente eleito

Relatos nas redes sociais informam que oposição tenta impedir posse de Bernardo Arévalo; há protestos nas ruas da capital liderados por indígenas em apoio ao novo chefe do Executivo

Créditos: Reprodução X - Manifestantes tomam as ruas da capital da Guatemala para garantir a posse do presidente eleito
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Bernardo Arévalo, o presidente de esquerda eleito da Guatemala, enfrentará desafios significativos ao assumir o cargo neste domingo (14) para um mandato de quatro anos.

Está em curso neste momento uma situação tensa no país da América Central. Relatos nas redes sociais informam que há uma tentativa de golpe em andamento.

O presidente e os membros do Congresso aliados tiveram o seu juramento recusado por um grupo de golpistas conhecido como “Pacto de Corruptos”. A situação está evoluindo.

Congressistas do partido do presidente eleito, Movimento Semilla, relatam terem sido detidos dentro do Parlamento.

Há mobilização de populares no centro da capital, Cidade da Guatemala, liderada pelas forças indígenas do país que querem garantir a posse de Arévalo.

Arevalo garantiu restaurar a democracia

A eleição de Arévalo, marcada pelo compromisso de erradicar a corrupção endêmica, ocorre em um contexto de um Congresso fragmentado e múltiplas tentativas judiciais para barrar seu exercício do poder.

Arévalo, de 65 anos, que prometeu restaurar a democracia no país mais populoso da América Central, com 17,1 milhões de habitantes, obteve uma vitória expressiva no segundo turno das eleições presidenciais de agosto.

Após a eleição, o procurador-geral da Guatemala, aliado do presidente cessante Alejandro Giammattei, intensificou esforços para desacreditar a vitória de Arévalo e complicar sua transição, tentando retirar sua imunidade legal, suspender seu partido Semilla e anular a eleição.

Essas tentativas de obstrução, que Arévalo chamou de "golpe", levaram milhares de guatemaltecos às ruas e atraíram pressão internacional, especialmente dos Estados Unidos, para que a administração de Giammattei prosseguisse com a transição de poder.

A situação política em torno da posse de Arévalo ressalta a fragilidade do Estado de Direito na Guatemala e a iminência de uma crise de governança, que pode limitar sua capacidade de governar e honrar suas promessas de campanha de combater a corrupção, o crime organizado e gerar empregos. 

Mudanças na política externa

Bernardo Arévalo e sua vice-presidente, Karin Herrera, terão que navegar com habilidade pelas demandas dos Estados Unidos para controlar a migração, especialmente em um cenário de remessas recordes que sustentam a economia da Guatemala.

Após sua eleição, Arévalo indicou a intenção de fortalecer as relações com a China, o que pode levar a uma revisão das atuais relações diplomáticas da Guatemala com Taiwan.

Esse possível redirecionamento da política externa guatemalteca poderia causar tensões com os Estados Unidos. Contudo, Arévalo esclareceu que uma aproximação com a China não necessariamente significaria cortar laços com Taiwan.

Quem é Bernardo Arévalo

Bernardo Arévalo de León é diplomata de carreira, sociólogo e escritor. Nasceu em Montevidéu, Uruguai, durante o exílio de seus pais. Retornou à Guatemala em 2013. Foi vice-ministro de Relações Exteriores e embaixador na Espanha.

É filho do presidente Juan José Arévalo (1945-1951) e no dia 20 de agosto de 2023 obteve os 58,01% dos votos na eleição para o sucessor de Alejandro Giammattei na presidência da Guatemala.