Desde o início da tarde de ontem, vídeos e imagens de uma situação de caos total na segurança pública do Equador tem causado impacto nas redes sociais.
Na tarde desta terça-feira (9), o presidente recém-eleito do país Daniel Noboa declarou situação de "Conflito Armado Interno", utilizado para contextos de guerra civil.
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Desde ontem, gangues criminosas rivais, como a Los Lobos e Los Choneros, tem cometido atos de terrorismo, sequestros - inclusive de um brasileiro - e outras atrocidades contra o Estado equatoriano e a população do país. Estes grupos criminosos são subordinados aos cartéis rivais de Sinaloa e Jalisco.
Guerra no Equador: quando começou?
É difícil afirmar qual foi o evento definidor para o início da onda de violência. No domingo, o líder da facção Los Choneros, Fito, conseguiu escapar da prisão.
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Os ataques públicos começaram nesta terça-feira (9), mas talvez o primeiro grande evento tenha sido a explosão de um carro nas proximidades da residência de Iván Patricio Saquicela Rodas, presidente da suprema corte do país.
Uma série de saques, homicídios e atos de vandalismo foram perpetrados pelas diferentes gangues do país, o que levou ao ultradireitista Daniel Noboa declarar um estado de guerra civil no país para usar os militares contra seus próprios cidadãos.
O governo vai tentar prender o máximo de pessoas possíveis de maneira rápida, apelando para a estratégia de Nayib Bukele, presidente de El Salvador que prendeu 2% da população do seu país para combater as gangues.
O Equador ainda sofre com um problema carcerário grave por conta da presença das gangues no sistema penitenciário, o que deve dificultar a solução bukelista que o recém-eleito Daniel Noboa tenta implementar.
"Não negociaremos com terroristas nem descansaremos enquanto não devolvermos a paz aos equatorianos", afirmou em vídeo publicado nas redes sociais.
É o início de uma ditadura? Ainda é cedo para dizer. Mas vale lembrar: o Equador é o país que mais teve golpes de estado na América do Sul, com 38 tomadas de poder em 138 anos de república, o que dá um golpe de estado a cada cinco anos.
Guerra no Equador: por que começou?
O Equador não é um país produtor de drogas, mas é um país de importância portuária. É pela região de Guayaquil que boa parte da produção de drogas de Colômbia, Peru e Bolívia é escoada.
Nos últimos anos, houve algumas mudanças que levaram a um conflito de gangues pelo controle dessa rota da cocaína que desembocou em uma crise de segurança pública generalizada.
Os homicídios quintuplicaram no Equador entre 2020 e 2023, passando de 7 homicídios a 100 mil pessoas para 46,5 a cada 100 mil em 2023.
Muitos apontam que talvez o ovo da serpente seria o fim das FARC após o acordo com o governo colombiano. Com o fim das operações do grupo, o vácuo de poder pela rota de Guayaquil botou o Equador em uma guerra de sucessão que envolve diferentes cartéis nacionais e internacionais.
A verdade é também que a crise de segurança se iniciou após os governos ultraliberais no país. O primeiro foi de Lenín Moreno, do partido do ex-presidente Rafael Correa mas que o traiu em um golpe no próprio partido logo no início de seu mandato. Depois, nas mãos do banqueiro liberal Guillermo Lasso, o país seguiu em sua pior narrativa. Agora, Noboa, considerado o Lasso 2.0, propõe a solução militar para o problema.