ÁFRICA

Líbia: 2 mil mortos e 10 mil desaparecidos em um país em guerra civil

Situação trágica na costa leste do país causada pela tempestade Daniel escancara realidade dramática do país

Imagens mostram destruição na cidade de Derna, no oeste do paísCréditos: Reprodução/LANA
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O número de mortes causadas pela tempestade Daniel na Líbia chegou a 2 mil, informa a Agência de Notícias da Líbia (LANA). Mais de 10 mil pessoas estão desaparecidas após as fortes chuvas que ocorreram na costa leste do país.

  • As tempestades carregaram milhares de pessoas para as águas do mar Mediterrâneo, afirmou o chefe do governo provisório do país, Osama Hammad.
  • Mas o que causou uma tragédia tão grave? Duas barragens em um rio que cruzava Derma, cidade mais atingida pelas enchentes, estouraram por conta do aumento do nível dos rios.
  • "Essas duas barragens explodiram. No que diz respeito ao planejamento urbano, as pessoas construíam casas ao longo do rio”, disse Mahmoud Iftessi, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social da Líbia.
  • “O desastre está além da capacidade da infraestrutura da Líbia. Se houver qualquer outra palavra mais grave do que desastre – podemos chamá-la assim”, disse ele à Al Jazeera.
  • Confira vídeos:

Uma guerra civil não ajuda

Desde 2011, quando uma guerra civil financiada pelos EUA entrou na Líbia para derrubar e matar Muammar Gadhafi, não houve estabilidade política no país.

A Líbia, que detinha o maior índice de desenvolvimento humano da África Continental em 2009, foi atingida por uma grave crise política cercada de esquemas de corrupção e saques ao petróleo.

Atualmente, o país é dividido entre dois governos que reivindicam a soberania sobre o território: um liderado em Tripoli, com ares de democracia liberal e apoiado pelo francês Emmanuel Macron, e outro, em Bengazi, liderado por Khalifa Hafter e apoiado pela Turquia com auxílio do Grupo Wagner. O conflito está congelado desde 2020 em um cessar-fogo.

Além disso, grupos terroristas islâmicos retornaram a operar no norte do país e no Saara, concentrando os esforços dos governos autoproclamados em investimento bélico e não em políticas básicas de segurança, infraestrutura e educação.

“As erosões nas barragens de Derna não são novas. Eles foram relatados repetidamente, inclusive em revistas científicas de 2011 e seguintes", afirma Hani Shennib, presidente do Conselho Nacional de Relações EUA-Líbia a al-Jazeera.

“Nenhum funcionário prestou atenção a isso”, acrescentou. “Isto não é apenas um desastre natural, é um desastre humano e também resultado do abandono da cidade.”

A jornalista Mabooka Elmesmary, que está em Derna, relatou que o grande problema relata que o maior problema causado pela chuva é a destruição completa de estradas que conectam a região às principais cidades líbias.

Sem conexão infraestrutural, não há como os primeiros socorros e outros apoios chegarem à região para assistir os milhares de líbios sem residência.

O presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi ordenou o envio de tropas militares para apoiar o país. O emir al-Thani, do Catar, também ordenou envio de pessoal e material para apoiar o primeiro atendimento dos norte-africanos.