DESIGUALDADES

Los Angeles: cidade "glamour" dos EUA tem milhares de pessoas vivendo em carros

Com aluguéis nas alturas, uma crescente população busca moradia sobre rodas para driblar a crise habitacional

Centenas de "motorhomes" em Los Angeles.Créditos: Reprodução/ Bom dia Brasil/ TV Globo
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A icônica cidade de Los Angeles, conhecida por suas mansões de estrelas de cinema e pela vida glamourosa, está testemunhando uma tendência crescente e contraditória: um número cada vez maior de pessoas está optando por viver em motorhomes. Enquanto a cidade ostenta casas deslumbrantes e uma vida de luxo, muitos indivíduos estão tomando essa decisão por necessidade financeira, devido ao alto custo de vida, ou pela dificuldade em pagar os aluguéis exorbitantes.

Com uma crise habitacional exacerbada pela pandemia, o cenário imobiliário em Los Angeles tornou-se quase inacessível para muitos. De acordo com dados recentes, cinco das dez cidades com os aluguéis médios mais caros nos Estados Unidos estão localizadas na Califórnia, incluindo Los Angeles. Com preços médios que chegam a quase US$ 2 mil (cerca de R$ 10 mil), até mesmo alugar um pequeno apartamento se tornou um desafio para grande parte da população.

Motorhomes


Motorhomes, também conhecidos como casas sobre rodas ou trailers, são veículos projetados para oferecer tanto acomodação quanto mobilidade. Eles são essencialmente residências móveis que incorporam espaços de estar, cozinhas, banheiros e áreas de dormir, proporcionando uma experiência de vida completa enquanto se deslocam.

Com variados tamanhos e configurações, desde modelos compactos até luxuosas mansões móveis, os motorhomes oferecem uma abordagem flexível à habitação, permitindo que os ocupantes viajem e vivam em diferentes locais enquanto desfrutam de comodidades semelhantes às de uma casa convencional. Em cidades como Los Angeles, onde os custos de moradia são elevados, o uso de motorhomes como opção de residência tornou-se uma alternativa cada vez mais procurada diante dos desafios financeiros.

Diante dessa realidade, cada vez mais motorhomes estão tomando as ruas de Los Angeles, servindo como moradias alternativas. Segundo o último levantamento sobre população sem-teto na cidade, estima-se que cerca de 6.500 pessoas estejam atualmente vivendo em motorhomes, representando um aumento significativo de 40% em relação a 2018.

As histórias por trás dessa decisão variam, mas a busca por uma solução financeira é um fator preponderante. Um iraniano que vive nos EUA há duas décadas relatou que optou por um motorhome para se livrar das preocupações com contas mensais. Uma mulher nascida em Los Angeles, por sua vez, passou a viver em um motorhome há oito anos devido à impossibilidade de continuar pagando aluguel. Para ela, essa escolha é uma forma mais segura de evitar as ruas.

No entanto, críticos apontam sérias preocupações em relação a essa tendência emergente. Questões de saúde e segurança são destaque, tanto para os residentes desses veículos improvisados quanto para as comunidades vizinhas. A higiene precária em alguns casos pode levar a problemas de saúde pública, enquanto a segurança é um ponto de atenção constante.

A vereadora Tracy Park destaca a problemática do comércio de veículos sucateados, que são alugados a moradores de rua por valores elevados. Esses veículos muitas vezes carecem de condições básicas de segurança, levando a incêndios, explosões e, em casos extremos, até mesmo mortes. Park lamenta a situação e busca maneiras de abordar essas questões com regulamentações mais rígidas.

Além do aumento dos preços dos aluguéis, a pandemia também intensificou a crise de pobreza na Califórnia. Atualmente, 11,7% da população do estado vive na pobreza, sendo que em Los Angeles esse número aumenta para 13,7%. A combinação desses fatores tem impulsionado a busca por alternativas habitacionais, incluindo os motorhomes.

Enquanto Los Angeles permanece como um centro de atração de celebridades e sonhos, a realidade nas ruas conta uma história diferente. A tendência de morar em motorhomes reflete uma luta invisível por dignidade, segurança e estabilidade em uma cidade onde a disparidade entre riqueza e pobreza nunca foi tão clara.

 

Com informações do G1.