SUL GLOBAL

Neocolonialismo verde: Lula volta a criticar imperialismo de países ricos em reunião do Brics

Em discurso durante Fórum Empresarial do bloco, presidente brasileiro se opõe a barreiras comerciais e medidas discriminatórias de nações desenvolvidas contra sul global a pretexto de proteção ambiental

Créditos: Ricardo Stuckert - Presidentes do Brasil, Lula; da China, Xi Jinping; e da África do Sul, Cyril Ramaphosa; primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; e chanceler russo, Serguei Lavrov
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais uma vez criticou o "neocolonialismo verde" nesta terça-feira (22), durante discurso no Fórum Empresarial do Brics, realizado em Joanesburgo, África do Sul. Ele mencionou os fundamentos do Plano de Transformação Ecológica, uma iniciativa do governo federal incorporada ao Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e reiterou a importância de os países trabalharem em conjunto para combater desigualdades, pobreza extrema, crise climática e transição ecológica.

Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que estabelece barreiras comerciais e medidas discriminatórias, alegando proteção ao meio ambiente.

Durante a Cúpula da Amazônia, realizada em Belém (PA), nos dias 8 e 9 de agosto, Lula já havia feito críticas ao chamado "neocolonialismo verde" e defendeu a facilitação de financiamento internacional para projetos sustentáveis.

O conceito de "neocolonialismo verde" refere-se a práticas adotadas pelos países ricos como, por exemplo, a aplicação de leis nas quais produtos de países em desenvolvimento podem ser vetados ou sobretaxados se não cumprirem determinações ambientais impostos por eles.

Lula também enfatizou a relevância da revitalização das relações do Brasil com o continente africano.

O Brasil e vários países africanos têm planos abrangentes para modernizar suas matrizes energéticas. Compartilhamos a responsabilidade de preservar florestas tropicais e conservar a biodiversidade. Estamos unidos na luta contra a desertificação.

Além disso, o presidente argumentou que os serviços ambientais e ecossistêmicos prestados pelas florestas tropicais ao mundo devem ser devidamente remunerados, de forma justa e equitativa.

Os produtos da sociobiodiversidade têm potencial para criar empregos, gerar renda e oferecer alternativas à exploração irresponsável dos recursos naturais. Para que a nossa integração econômica e produtiva floresça, é essencial expandir as conexões entre as duas margens do Atlântico. Esses são os alicerces do nosso Plano de Transformação Ecológica.

O Fórum Empresarial do Brics faz parte da programação da 15ª Cúpula de Chefes de Estado do Brics, congregou uma delegação de empresários brasileiros que buscam fortalecer parcerias com os demais países do grupo - África do Sul, Índia, China e Rússia, além do Brasil.

Está é a primeira reunião presencial de cúpula dos chefes de Estado dos Brics desde a pandemia, em 2020, e conta com a presença dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da África do Sul, Cyril Ramaphosa; e da China, Xi Jinping; e do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de forma remota.

A agenda do dia também incluiu o encontro reservado dos líderes, no qual os chefes de Estado e governo do Brics se reuniram em um ambiente privado, acompanhados de seus ministros de Relações Exteriores, para discutir os temas da cúpula de maneira reservada e informal.