Desde o dia 4 de maio deste ano, os 3,2 milhões de moradores de Manipur, na Índia, estão sem acesso à internet. Desde esta data, o estado tem vivido uma onda de conflitos armados entre três grupos étnicos que vivem na região. A situação, que já levou a 142 mortes, foi aprofundada por uma mentira.
Os conflitos entre a etnia Meitei e as etnias Kuki e Zomi começou no dia 3 de maio, quando os Meitei fizeram uma manifestação exigindo a classificação de Tribo Registrada pelo estado indiano. O reconhecimento garante a proteção da língua, dos costumes e acesso a ações afirmativas por parte do governo.
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Uma grande fake news
Logo no dia 3 de maio, uma fake news começou a circular dizendo que uma mulher de um dos grupos étnicos teria sido estuprada e assassinada logo no início dos conflitos.
A tribo rival, então, se reuniu armada e invadiu o vilarejo dos responsáveis. Então, um grupo de homens armados forçaram as mulheres da vila e ficarem peladas. Eles gravaram as cenas e começaram a assediar as vítimas. O vídeo reapareceu nesta semana nas redes sociais.
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Nas imagens, é possível ver dezenas de homens carregando mulheres nuas à força. Três vítimas foram publicamente assediadas e uma delas foi vítima de um estupro coletivo. O pai de uma menina foi assassinado tentando impedir a humilhação e o irmão de outra também foi alvejado pelos criminosos. Eles tinham 46 e 19 anos, respectivamente.
Após três meses de investigações, os policias chegaram a conclusão que o boato de uma mulher violentada e morta por um dos grupos era simplesmente mentiroso.
O nome das etnias envolvidas não foi divulgado pelos policiais para não motivar ainda mais violência entre os grupos étnicos. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, fez um comunicado lamentando o caso.
"A lei dará seus passos mais fortes, com toda a sua força. O que aconteceu com as filhas de Manipur nunca pode ser perdoado", disse o chefe do partido Bharatiya Janata (BJP).
Violência em Manipur
Para além do caso de assédio coletivo que tem chocado o país, a violência em Manipur segue. Manipur faz fronteira com Myanmar e, assim como praticamente todos os estados da Índia, possui minorias étnicas relevantes.
O conflito entre os Kuki, os Zo e os Meitei se refere à categoria de "Tribo Reconhecida", que garante status diferenciado para um grupo étnico perante ao estado indiano.
Os Kuki e os Zo tem reconhecimento como categoria de Tribo Reconhecida, mas os Meitei, que são a maioria na região, não possuem o reconhecimento.
O parlamento de Manipur garante que os Kuki e os Zo tenham 19 cadeiras na assembleia por conta do status de TR. As outras 40 cadeiras são ocupadas pelos Meitei. Um possível reconhecimento ampliaria ainda mais a maioria Meitei no parlamento.
Adicione a disputa política às diferenças religiosas entre os grupos: os Kuki são em sua maioria cristãos, e os Meitei são em sua maioria, hindus e muçulmanos.
Até o momento, 46 mil pessoas se deslocaram da região para outros estados indianos. O conflito que começou em maio segue em operação, com 11 assassinatos em junho deste ano.
O governo indiano tenta encontrar uma solução de pacificação para o conflito, e segue resistindo à tentativa dos Meitei de alcançarem o ST para não incentivar um movimento separatista ou unionista com Myanmar das populações Kuki e Zo.