A australiana Kathleen Folbigg, que passou 20 anos na cadeia considerada a pior assassina em série da Austrália, segundo as autoridades, foi vítima de um dos mais graves erros judiciais do país. Depois de condenada há 30 anos por “matar” seus quatro filhos, ela foi “perdoada” pela Justiça e libertada nesta segunda-feira (5).
Com base em novas evidências científicas, a Justiça concluiu que os quatro filhos de Kathleen morreram de causas naturais, conforme ela insistiu desde o início do processo.
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Mesmo assim, o júri, à época, se baseou na sugestão da promotoria de que as chances de quatro bebês de uma família morrerem de causas naturais antes dos 2 anos de idade eram “tão infinitamente baixas que se comparavam a porcos voando”.
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Agora, Michael Daley, procurador-geral de Nova Gales do Sul, optou por mandar libertá-la, porque o inquérito encontrou “dúvida razoável” quanto à responsabilidade da mãe, hoje com 55 anos.
Em entrevista coletiva, Daley afirmou que havia recomendado à governadora Margareth Beazley o perdão incondicional, que foi concedido.
“Esta foi uma experiência terrível para todos os envolvidos e espero que nossas ações hoje possam encerrar esse assunto de 20 anos”, destacou Daley. O perdão era a forma a mais rápida de tirar a mulher da cadeia.
“Há uma dúvida razoável quanto à culpa da Sra. Folbigg pelo homicídio culposo de seu filho Caleb, a imposição de lesões corporais graves em seu filho Patrick e o assassinato de seus filhos Patrick, Sarah e Laura”, afirmou Daley.
Ele conduziu uma segunda investigação depois de uma petição que afirmava ser “baseada em evidências positivas significativas de causas naturais de morte” e assinada por 90 cientistas, médicos e outros profissionais.
Kathleen cumpriu 20 anos dos 30 a que foi condenada e teria direito à liberdade condicional em 2028. Seus quatro filhos morreram de forma separada e ao longo de uma década.
Confira as possíveis causas das mortes
O primeiro filho, Caleb, nasceu em 1989 e morreu 19 dias depois. O júri determinou que o crime era de homicídio culposo.
O segundo, Patrick, tinha 8 meses quando morreu em 1991.
Dois anos depois, Sarah morreu aos 10 meses.
Em 1999, a quarta filha de Kathleen, Laura, morreu aos 19 meses.
O novo inquérito foi instaurado porque evidências descobertas em 2018 apontaram que as duas meninas tinham uma rara variante genética CALM2.
A advogada Sophie Callan afirmou que evidências de especialistas nas áreas de cardiologia e genética indicaram que a variante genética CALM2-G114R “é uma causa razoavelmente possível” das mortes repentinas das filhas.
A miocardite, inflamação do coração, também foi uma “causa razoavelmente possível” da morte de Laura, apontou Sophie.
Em relação ao segundo filho, a advogada destacou que havia “evidência persuasiva de especialistas de que, por uma questão de possibilidade razoável, um distúrbio neurogenético subjacente” provocou a morte súbita.
Com informações da Associated Press.