TRAGÉDIA NO MEDITERRÂNEO

Autoridades escondem nomes de imigrantes mortos em meganaufrágio e famílias sofrem

Famílias aguardam respostas sobre parentes após acidente em navio de imigrantes na Grécia

Última imagem do navio lotado de imigrantes que caiu em acidente trágico na GréciaCréditos: Guarda Costeira Helênica
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Mais de 280 famílias paquistanesas vivem um drama após o naufrágio de um navio com mais de 750 imigrantes na costa da Grécia que ocorreu na última sexta-feira (14).

Há 82 mortos confirmados pelas autoridades gregas, mas as entidades internacionais falam mais de 500 desaparecidos, no que especialistas consideram a maior tragédia envolvendo imigrantes no Mediterrâneo dos últimos anos.

As autoridades diplomáticas paquistanesas e os familiares de vítimas exigem que ao menos os nomes dos mortos sejam divulgados.

“Talvez nunca tenha havido um número de mortos tão grande em qualquer incidente antes no nosso país, mesmo em incidentes terroristas”, disse o ministro do Interior do Paquistão, Rana Sanauallah, em entrevista.

O Paquistão tem agido em especial contra os agentes de imigração, aqui no Brasil conhecidos como coiotes, e prendeu mais de 29 envolvidos no esquema que levou à morte de mais de 280 paquistaneses na última sexta-feira.

“Devemos pelo menos pegar os cadáveres para que os pais e parentes possam ter paz de espírito. O governo deve pelo menos concluir a investigação o mais rápido possível”, disse Zafar Iqbal, sobrinho de dois possíveis passageiros e morador da Caxemira administrada pelo Paquistão, em entrevista à Agência France Presse.

Uma tragédia das tragédias

Alguns imigrantes sírios também estavam na embarcação. Em entrevista al-Jazeera, o primo de uma das vítimas contou a história da viagem.

Thaer al-Rahal, que vivia como refugiado em um campo para imigrantes Jordânia após a Guerra Civil da Sìria, que estourou em 2011, decidiu tentar imigrar para a Europa para conseguir dinheiro para o tratamento de câncer de seu filho Khaled, que estava com câncer. 

Thaer al-Rahal e seu filho Khaled; ele tentou a travessia arriscada para financiar o tratamento de seu filho

“Thaer não gostava da ideia de viajar para a Europa e sempre sonhou em voltar para sua cidade natal. Mas a busca por uma cura para seu filho que tinha câncer o levou a se voltar para o mar traiçoeiro”, disse seu primo, Abdul Rahman al-Rahal, ao portal da  Al Jazeera.

O Agência Federal de Investigação (FIA) de Islamabad tem agido internamente para poder auxiliar seus nacionais, mas tem encontrado dificuldade de colaboração com as autoridades gregas.