ATÉ QUANDO?

Violência gratuita: Brasileiro é espancado em ataque de xenofobia no interior de Portugal

“Xenofobia pode até ser ‘normal’ para eles, mas para a gente não é”, diz a vítima, que é natural de Pernambuco

Saulo Jucá, engenheiro civil e vítima do ataque xenofóbico em Portugal.Créditos: Reprodução
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O engenheiro civil Saulo Jucá, natural de Pernambuco, estava na cidade portuguesa de Braga, onde mora, quando saiu com dois amigos em zona próxima da sua residência, no último sábado (10). Seria um dia qualquer para a vida dele se não sofresse um ataque xenofóbico e gratuito, dentro do café onde estava, e precisasse permanecer no hospital até o dia seguinte.

O programa com os amigos transcorreu bem. Conversaram, tomaram um café e, passadas as 8 horas da noite, os amigos decidiram ir embora. Ele, ao contrário, quis ficar um pouco mais. Se despediu dos amigos e passou uns instantes na área externa do estabelecimento. Do outro lado da rua viu um sujeito inquieto e aparentemente embriagado. O mesmo que mais tarde o atacaria.

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“Notei um movimento estranho do outro lado da rua. Tinha um homem visivelmente embriagado e acompanhado da mãe, que não queria que ele bebesse. Era o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, um feriado nacional, mas eu não sabia. Entrei no café porque achei que a ‘vibe’ não estava boa lá fora”, relatou para o G1.

Mas fugir do clima estranho não adiantou. O homem decidiu atravessar a rua e entrou no café. Saulo Jucá, por sua vez, estava no balcão conversando com o dono da cafeteria. De ouvido na conversa, o homem quis saber sua nacionalidade. Confirmando que sim, era um brasileiro, começou o espancamento.

“Ele me agrediu, chutou minha cara e as minhas costelas. Enquanto ele me batia, ouvi a mãe dele dizer: ‘você vai ser preso de novo’”, contou o brasileiro. Ele em seguida foi levado a um hospital local, onde só teve alta na tarde de domingo (11) e ainda deverá ficar por cerca de 3 semanas em recuperação.

Logo que foi liberado pelos médicos Saulo registrou a ocorrência em uma delegacia local e fez um exame de corpo de delito. À imprensa, ele afirmou que câmeras de segurança do estabelecimento filmaram toda a agressão e que irá contratar um advogado para cuidar do caso.

“Xenofobia pode até ser ‘normal’ para eles, mas para a gente não é”, avaliou o homem que já presenciou episódios correlatos envolvendo outras pessoas mas ainda não tinha sido uma vítima direta da xenofobia em Portugal.