O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta segunda-feira (12) a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen. O encontro foi realizado no Palácio do Planalto, em Brasília (DF).
Entre os principais temas do encontro bilateral esteve o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que foi assinado em 2019 depois de 20 anos de negociação, e que ainda depende da ratificação dos países membros.
Te podría interesar
Em coletiva de imprensa após reunião bilateral Lula disse que o Brasil tem preocupações com instrumentos adicionais a esse acordo entre UE-Mercosul que aumentam as obrigações do país e impõem sanções em caso de descumprimento.
“Expus à presidente Van Der Leyen as preocupações do Brasil com o instrumento adicional ao acordo apresentado pela União Europeia em março deste ano, que amplia as obrigações do Brasil e as torna objeto de sanções em caso de descumprimento”, declarou Lula.
Te podría interesar
"A União Europeia aprovou leis próprias com efeitos extraterritoriais e que modificam o equilíbrio do acordo. Essas iniciativas representam restrições potenciais às exportações agrícolas e industriais do Brasil", completou.
Lula fez uma série de postagem pelas redes sociais para ressaltar a importância do encontro. Ele destacou que a União Europeia é o 2º maior parceiro comercial do Brasil e que a corrente de comércio entre os dois poderá ultrapassar este ano a marca de 100 bilhões de dólares.
"O Brasil também se destaca como o maior destino do Investimento Estrangeiro Direto dos países da União Europeia na América Latina, que se concentram nos setores de manufatura, infraestrutura digital e serviços", escreveu o presidente.
O Brasil voltou
Já Ursula agradeceu a Lula por ter trazido o Brasil de volta ao cenário internacional. Ela já havia falado sobre o retorno do país como protagonista à comunidade internacional em entrevista concedida à Folha de S.Paulo deste domingo (11).
"Lula trouxe o Brasil de volta como importante ator internacional. A UE quer aproveitar a oportunidade para dar novo impulso à nossa parceria", declarou ao jornal.
Durante coletiva concedida ao lado de Lula, Ursula anunciou que a União Europeia deseja repassar 20 milhões de euros, cerca de R$ 100 milhões, ao Fundo Amazônia.
"Queremos contribuir com 20 milhões de euros para o Fundo Amazônia", disse a chefe da comissão, que lembrou o compromisso feito por Lula de zerar o desmatamento ilegal até 2030, uma meta bem-vista pela Europa.
Segundo Von der Leyen, a União Europeia também pode investir 2 bilhões de euros na produção de hidrogênio verde no Brasil.
"Estamos unindo forças contra a mudança climática", disse Von der Leyen.
O Fundo Amazônia é utilizado pelo Brasil usa para financiar ações de combate ao desmatamento com dinheiro de governos estrangeiros.
A presidenta da Comissão Europeia também usou as redes sociais para destacar o encontro com Lula.
"A UE já é o principal investidor na América Latina. Podemos fazer muito mais concluindo a UE-Mercosul. Além disso, o Global Gateway, nosso plano de investimentos para o mundo, investirá € 10 bilhões na América Latina e Caribe", escreveu.
Retomada das relações Brasil-União Europeia
A visita da presidenta da Comissão Europeia ao Brasil se enquadra no conceito de retomada das relações do Brasil com a União Europeia e de avanço em torno de temas que ambos trataram em uma conversa por telefone em 17 de fevereiro.
Na ocasião, eles reforçaram as possibilidades de parcerias econômicas entre Brasil e União Europeia, citaram a possibilidade de consolidar o acordo Mercosul - União Europeia, que envolve os mercados de bens, serviços, investimentos e compras governamentais das duas regiões, além do interesse mútuo de combate ao desmatamento e às consequências das mudanças climáticas.
As possibilidades de avançar nas tratativas para um potencial acordo de paz entre Ucrânia e Rússia também fizeram fazer parte das conversas desta segunda-feira.
Nesses primeiros cinco meses de mandato, Lula já realizou encontro bilaterais com importantes lideranças da União Europeia, como o primeiro-ministro de Portugal, António Costa; o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez; o presidente da França, Emmanuel Macron; e o Chanceler Federal da Alemanha, Olaf Scholz.
Fundo Amazônia
Criado há 15 anos, o Fundo Amazônia tem Noruega e Alemanha entre os principais doadores. O fundo foi paralisado em 2019 pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Em novembro de 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a reativação do fundo em um prazo de 60 dias.
Após a eleição de Lula, a Noruega e a Alemanha anunciaram a retomada do financiamento. Estados Unidos e Reino Unido também anunciaram o desejo de destinar dinheiro para o mundo, movimento feito nesta segunda por Von der Leyen.
Assista