AMÉRICA DO SUL

Conheça as 10 propostas de Lula para o desenvolvimento sustentável sul-americano

Presidente brasileiro é anfitrião de encontro com lideranças de países da América do Sul reunidos em Brasília

Créditos: Agência Brasil (Marcelo Camargo) - Lula recebe representantes de 10 países da América do Sul em Brasília
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta terça-feira (30), em Brasília, representantes de 10 países da América do Sul para reunião de cúpula do continente. Durante a abertura do encontro, o mandatário brasileiro apresentou sugestão de 10 temas para debate entre os participantes do encontro.

Participam da cúpula da América do Sul os presidentes Alberto Fernández (Argentina), Luís Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Irfaan Ali (Guiana), Mário Abdo Benítez (Paraguai), Chan Santokhi (Suriname), Luís Lacalle Pou (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela). A atual presidente do Peru, Dina Boluarte, impossibilitada de comparecer, está sendo representada pelo presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola.

Entre os temas propostos por Lula estão medidas para ampliar a integração dos países da região na área energética, em acordos comerciais e na mobilidade de estudantes e pesquisadores. O presidente brasileiro também reforçou o desejo de estabelecer uma moeda local para o comércio na América do Sul, para substituir o dólar. (confira abaixo a lista completa).

Antes de sugerir as medidas, o presidente deixou claro que as iniciativas eram apenas sugestões e que os temas ainda seriam discutidos ao longo do dia pelos mandatários sul-americanos.

Integração regional

Agência Brasil (Marcelo Camargo) - Presidente Lula é anfitrião da Cúpula da América do Sul em Brasília

Ao receber os participantes da cúpula no Palácio Itamaraty, Lula da Silva afirmou que a integração regional é essencial para o fortalecimento da unidade da América Latina e do Caribe. 

“Nossa América do Sul deixou de ser apenas uma referência geográfica e se tornou uma realidade política. Infelizmente, esses avanços foram interrompidos nos últimos anos. No Brasil, um governo negacionista atentou contra os direitos da sua própria população, rompeu com os princípios que regem a nossa política externa e fechou as nossas portas a parceiros históricos”, afirmou Lula.

“Essa postura foi decisiva para o descolamento do país de grandes temas que marcaram o cotidiano de nossos vizinhos. Deixamos que as ideologias nos dividissem, interrompemos os esforços de integração, abandonamos canais de diálogos e mecanismos de cooperação e, com isso, todos perdemos”, prosseguiu o presidente brasileiro.

Lula disse ter firme convicção de que é preciso reavivar o compromisso com a integração sul-americana.

"O que nos reúne hoje, em Brasília, é o sentimento de urgência, de voltar a olhar coletivamente para a nossa região. A determinação de redefinir uma visão comum e relançar ações concretas para o desenvolvimento sustentável, a paz e o bem-estar das nossas populações", disse Lula.

“Entendemos que a integração sul-americana é essencial para o fortalecimento da unidade da América Latina e do Caribe. Uma América do Sul forte, confiante e politicamente organizada amplia as possibilidades de afirmar, no plano internacional, uma verdadeira identidade latino-americana e caribenha”, ressaltou o presidente brasileiro.

10 propostas de Lula

  1. Moeda comum: criar uma "unidade de referência comum para o comércio para reduzir a dependência de moedas extrarregionais" e mecanismos de compensação mais eficientes.
     
  2. Economia: colocar a poupança regional a serviço do desenvolvimento econômico e social com mobilização de bancos de desenvolvimento como a Corporação Andina de Fomento (CAF), o Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), o Banco do Sul e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
     
  3. Regulação: implementar iniciativas de convergência regulatória para facilitar trâmites e desburocratizar procedimentos de exportação e importação de bens.
     
  4. Atualização da cooperação: ampliar os mecanismos de cooperação de última geração, que envolva serviços, investimentos, comércio eletrônico e política de concorrência.
     
  5. Infraestrutura: atualizar a carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan) com reforço à multimodalidade e prioridade aos de alto impacto para a integração física e digital, especialmente nas regiões de fronteira.
     
  6. Meio ambiente: desenvolver ações coordenadas para o enfrentamento da mudança do clima.
     
  7. Saúde: reativar o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, que permitirá adotar medidas para ampliar a cobertura vacinal, fortalecer o complexo industrial da saúde e expandir o atendimento a populações carentes e povos indígenas.
     
  8. Energia: lançar a discussão sobre a constituição de um mercado sul-americano de energia, que assegure o suprimento, a eficiência do uso de nossos recursos, a estabilidade jurídica, preços justos e a sustentabilidade social e ambiental.
     
  9. Educação: criar programa de mobilidade regional para estudantes, pesquisadores e professores no ensino superior, a exemplo do que foi feito para consolidar a União Europeia.
     
  10. Defesa: retomar a cooperação na área de defesa para dotar a região de maior capacidade de formação e treinamento, intercâmbio de experiências e conhecimentos em matéria de indústria militar, de doutrina e políticas de defesa.

Agenda da cúpula

Os líderes sul-americanos atenderam a um convite feito por Lula, que busca retomar a cooperação dentro do continente. Segundo a embaixadora Gisela Figueiredo Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, as principais pautas, além da integração, são em torno de questões comuns nas áreas de saúde, infraestrutura, energia, meio ambiente e combate ao crime organizado.

O evento terá duas sessões nesta terça, ambas no Palácio Itamaraty. Pela manhã, os convidados foram recebidos por Lula e, na sequência, discursaram. Na período da tarde, está prevista uma conversa mais informal, em formato reduzido, em que cada presidente será acompanhado pelo respectivo chanceler e apenas um ou dois assessores.

À noite, os chefes de Estado e delegações participam de um jantar oferecido por Lula e pela primeira-dama Janja da Silva no Palácio da Alvorada.

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