CIRCO DE HORRORES

Calvário de Vini Jr. começou antes do jogo, revela súmula

Relatório de nove páginas elaborado pelo Comitê de Competições da Federação Espanhola de Futebol deu detalhes do espetáculo de horror no estádio espanhol

Créditos: Divulgação/Real Madrid
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O calvário do jogador Vinicius Junior começou mesmo antes de pisar no gramado do estádio Mestalla, em Valência, no último domingo (21). É o que mostra o relatório de nove páginas elaborado pelo Comitê de Competições da Federação Espanhola de Futebol, que incluiu detalhes do espetáculo de horror no estádio espanhol, com base no relato atualizado da súmula do árbitro Ricardo de Burgos Bengoetxea.

Já ao descer do micro-ônibus, que conduziu o time merengue ao estádio, Vinícius Jr. foi ofendido pelos torcedores do Valência: "Vinicius, tu és um macaco". Com a bola rolando, a situação só foi piorando, minuto a minuto. O gol do Valência, que assegurou a permanência do clube na primeira divisão, ao invés de ser motivo de celebração e festa, se tornou o estopim para mais violência.

De acordo com o relatório, logo após o gol, inúmeros objetos foram lançados ao gramado. E os ataques racistas contra Vinícius só aumentaram, o que levou a equipe de arbitragem a solicitar um aviso por meio do sistema de som do estádio. De nada adiantou. Minutos depois, um torcedor gritou diretamente para Vinicius Jr: "Macaco, macaco", o que obrigou, segundo a entidade espanhola, a ativação imediata do protocolo de racismo, que inclui avisos por meio de alto-falantes e paralisação da partida.

O relatório informa também que foi nesse momento que o atacante brasileiro começou a apontar para "um/vários espectadores" que estavam no mesmo setor e afirmou: "Ele me chamou de macaco". Logo em seguida, Vini Jr. fez uma sucessão de “gestos” com as mãos “imitando um macaco”.

A situação foi se deteriorando, as ofensas não paravam e se voltaram contra o setor onde estavam um grupo de torcedores do Real Madrid. "Madridistas filhos da puta", gritavam os enlouquecidos torcedores do Valência. E os ataques a Vini Jr. prosseguiam: "Seu negro idiota de merda".

O documento mostra o grau de ódio, intolerância e violência nas arquibancadas do estádio, enumerando as ofensas: "Seu filho da puta morto", "Vinicius idiota", "preto filho da puta do caralho", "Cachorro do Vinícius...filho da puta” e “macaco, você é um macaco do caralho”.

Mais tarde, os ditos torcedores se juntaram, gritando: "estúpido, estúpido". E simularam o som de um macaco: “Uh, uh, uh”. Após a expulsão do jogador brasileiro (que foi anulada posteriormente devido a um erro grosseiro do VAR), e com o tempo regulamentar esgotado, o volume das ofensas aumentou: "Macaco, macaco", se transformando em "bobo, bobo".

O relatório indica ainda que uma das gravações permite afirmar que, após a expulsão do atleta brasileiro, é possível identificar a ofensa: "Vinicius, morre". Por fim, o relatório conclui: "em última análise, a intolerável natureza racista dos cânticos que foram entoados, dentro e fora do campo, por alguns dos torcedores foi confirmado".

A súmula inicialmente não trazia qualquer referência sobre o ocorrido. Ela foi atualizada posteriormente com informações do caso.

Com a repercussão internacional e as reações de repúdio de todas as partes, a federação espanhola anunciou algumas punições contra o Valência. A arquibancada sul do estádio, de onde se originou a maior parte das ofensas, ficará parcialmente fechada por cinco partidas, e o clube foi multado em 45 mil euros (R$ 240 mil).

A Federação Espanhola de Futebol e o Comitê Técnico de Árbitros também anunciaram a demissão de seis árbitros do quadro da La Liga, incluindo Iglesias Villanueva, o responsável pelo VAR no jogo.

O Valência, no entanto, promete recorrer até as últimas instâncias, classificando a punição de "'injusta e desproporcional'. Sete pessoas foram detidas pela polícia espanhola, acusadas de vários crimes de ódio contra Vinicius Jr, incluindo calúnias racistas supostamente proferidas contra o brasileiro durante a partida de domingo no estádio Mestalla, em Valência. Três racistas, que estava no estádio, no último domingo, foram soltos após depoimento.