O espetáculo de horror em Valência contra o jogador brasileiro Vinícius Jr. provocou um tsunami midiático na Espanha e uma mudança de postura na imprensa do país ibérico. Jornais e sites não só deram amplo destaque à cobertura, mas, foram além, condenando os atos de racismo com veemência em matérias e editoriais, além de pedir punição aos criminosos e uma alteração profunda na legislação espanhola.
Não apenas jornais de esquerda e centro-esquerda, como Público e El País, mas publicações conservadoras e liberais de direita, como ABC e El Mundo. Os tabloides esportivos foram uníssonos em condenar e pedir punição. A repercussão negativa internacional feriu a liga espanhola, uma das mais prestigiosas do mundo, e manchou a imagem do próprio país.
Sobre um fundo preto, o principal diário esportivo da Espanha, o Marca, estampou na capa em letras garrafais: "Não basta não ser racista. Há que ser antirracista". O jornal fez um longo editorial exigindo uma atuação contundente das autoridades espanholas e punições exemplares.
O diário AS, também de Madri, dedica as 5 primeiras matérias do site ao assunto: "O mundo está com Vinícius". O Mundo Deportivo, de Barcelona, também condenou com um: "Basta Ya".
Já o tradicional El Pais observa em longo editorial que a impunidade dos ataques racistas nos campos de futebol deve ser interrompida sem hesitação pelos responsáveis, e condena o que define como "repertório mais tóxico do reacionário espanhol em sua variante racista ou sexista, ambos inaceitáveis". A publicação conclui: "A LaLiga tem um problema e esse problema não é o Vinicius".
Jornais de tiragem nacional e coma linhas editoriais mais à direita também condenaram o racismo contra Vinícius Jr, além de cobrarem punição mais severa. O conservador ABC destacou em editorial: "O ódio volta aos estádios". E seguiu: "Os insultos racistas proferidos contra Vinícius no estádio Mestalla abundam em meio à crise de reputação do futebol e revelam um clima intolerável de tensão e agressividade social". O diário El Mundo avalia que "episódios como este revelam que os estádios de futebol persistem como um reduto de impunidade. "Essa permissividade em relação à violência e à agressão se reflete no protocolo sancionador contra o racismo nos estádios, que é muito menos contundente na Espanha do que em outras ligas de primeiro nível", avalia.