CHINA EM FOCO

China acusa EUA de praticar diplomacia coercitiva, hegemônica e intimidadora

Pequim divulga documento no qual aponta os danos da diplomacia coercitiva de Washington mundo afora com resgate do histórico de atuação do país

Créditos: Getty Images - Documento de Pequim acusa Washington de praticar diplomacia coercitiva
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O Ministério das Relações Exteriores da China divulgou um documento no qual critica a diplomacia coercitiva praticada pelos Estados Unidos. O relatório foi elaborado com base em fatos e dados abundantes com o objetivo de expor as más ações da diplomacia coercitiva estadunidense mundo afora.

Publicado no último domingo (18), o texto tem o intuito de fazer com que a comunidade internacional entenda melhor a natureza hegemônica e intimidadora da diplomacia dos EUA e os graves danos causados ??pelas ações do país para o desenvolvimento de todos os países, estabilidade regional e paz mundial.

"Os Estados Unidos estão acostumados a acusar outros países de usar status de grande potência, políticas coercitivas e coerção econômica para coagir outros países a obedecer e se envolver em diplomacia coercitiva, mas, na verdade, os Estados Unidos são os instigadores da diplomacia coercitiva", destaca o relatório.

Os direitos de invenção, de patente e de propriedade intelectual da diplomacia coercitiva pertencem todos aos Estados Unidos, aponta o texto. O relatório também observa que o país fará todo o possível para coagir outras nações e que tem uma "história sombria" muito vergonhosa na diplomacia coercitiva. 

"Hoje, a diplomacia coercitiva é um instrumento padrão na caixa de ferramentas da política externa dos EUA, e a contenção e repressão nos campos político, econômico, militar, cultural e outros têm sido usados para conduzir a diplomacia coercitiva em todo o mundo por puro interesse próprio dos EUA. Países ao redor do mundo sofreram, com os países em desenvolvimento sofrendo o peso disso, e mesmo os aliados e parceiros dos EUA não foram poupados", diz o documento.

O relatório está dividido em três capítulos:

  • A diplomacia coercitiva dos Estados Unidos tem um histórico notório
  • Os Estados Unidos têm muitos meios de diplomacia coercitiva
  • A diplomacia coercitiva dos Estados Unidos põe em perigo o mundo inteiro

Conceito de diplomacia coercitiva

O documento estabelece uma linha do tempo da diplomacia coercitiva adotada pelos EUA. Recorda que, em 1971, Alexander George, professor da Universidade de Stanford, apresentou pela primeira vez o conceito de "diplomacia coercitiva", que foi usado para resumir as políticas dos Estados Unidos em Laos, Cuba e Vietnã. 

Na visão de George, a diplomacia coercitiva diz respeito ao uso de ameaça ou força limitada para coagir um adversário a parar ou reverter sua ação. 

No último meio século, os EUA nunca pararam de se engajar na diplomacia coercitiva, apesar das grandes mudanças na estrutura internacional. Das sanções econômicas ao bloqueio técnico e do isolamento político à ameaça de força, os EUA demonstraram o que é a diplomacia coercitiva para o mundo com suas próprias ações.

Guerra comercial contra a China

Em julho de 2018, os EUA lançaram uma guerra comercial com a China ao anunciar uma tarifa de 25% sobre aproximadamente US$ 34 bilhões em mercadorias importadas da China. Em agosto, foi anunciada uma tarifa adicional de 25% sobre US$ 16 bilhões em produtos chineses. Em setembro, os EUA anunciaram novamente uma tarifa de 10% sobre US$ 200 bilhões em importações chinesas. 

Em maio de 2019, foi anunciado que as tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses seriam aumentadas de 10% para 25%. Em agosto, foi anunciado que tarifas adicionais sobre cerca de US$ 550 bilhões em produtos chineses exportados para os EUA seriam aumentadas, intensificando a guerra comercial China-EUA.

Bloqueio a semicondutores chineses

Em agosto de 2022, o "CHIPS and Science Act" foi promulgado. A lei, que planeja fornecer até US$ 52,7 bilhões em subsídios do governo para a indústria de semicondutores dos EUA, exige que as empresas de semicondutores que recebem ajuda financeira federal não façam expansão substancial em países como a China. O governo dos Estados Unidos juntou-se ao Japão, Coreia do Sul e Taiwan chinesa para formar o chamado "Chip 4" em uma tentativa de limitar o desenvolvimento da indústria chinesa de semicondutores.

Usando o poder do Estado para suprimir as empresas de alta tecnologia da China. A administração anterior dos Estados Unidos lançou o programa "Clean Network", que tomou como desculpa a segurança nacional e a privacidade de seus cidadãos, exigindo explicitamente a eliminação de empresas chinesas como Huawei, Baidu e Alibaba em cinco aspectos: redes de telecomunicações, lojas de aplicativos móveis, programas de aplicativos móveis, serviços em nuvem e cabos submarinos. 

O então secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e outros políticos dos EUA pressionaram e coagiram outros países e regiões a se juntarem à chamada aliança "Rede Limpa". Altos funcionários dos EUA até intimidaram países como Chipre, exigindo que não cooperassem com os fornecedores chineses de 5G, ou as consequências seriam graves. 

Os EUA colocaram mais de mil empresas chinesas, incluindo ZTE, Huawei e DJI, em várias listas de sanções, usando a segurança nacional como desculpa para reprimir aplicativos de mídia social chineses, como TikTok e WeChat.

Disfarce da democracia e dos direitos humanos

Sob o disfarce da democracia e dos direitos humanos, os EUA exageraram nas questões relativas a Taiwan, Hong Kong, Xinjiang. 

A "Lei TAIPEI", a "Lei de Direitos Humanos e Democracia de Hong Kong", a "Lei Uigur de Prevenção ao Trabalho Forçado" e outros projetos de lei relacionados à China foram produzidos e estão firmemente ligados a questões de intercâmbio comercial e tecnológico com a China. Ele interfere injustificadamente nos assuntos internos da China e coage os países ocidentais a se manterem com os EUA.

Covid-19

Os EUA exaltaram a chamada "teoria do vazamento de laboratório" do coronavírus e não pouparam esforços para difamar e estigmatizar a China. Em desrespeito ao "Relatório da Missão Conjunta OMS-China sobre a Doença de Coronavírus 2019", os EUA usaram seus serviços de inteligência para emitir a chamada avaliação sobre as origens da Covid-19. Os EUA insistem em politizar e aproveitar a questão da origem do vírus, lançando uma sombra sobre a cooperação global para combater a pandemia.

Confira o relatório completo em inglês