CRISE CLIMÁTICA

Lula: "Não há sustentabilidade num mundo em guerra"

Presidente brasileiro participou de evento com líderes das principais economias do mundo e ressaltou que os efeitos da mudança do clima agravam ainda mais a pobreza, a fome e a desigualdade

Créditos: Agência Brasil (José Cruz) - Lula participou de evento virtual sobre clima
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Em mais um capítulo do retorno do Brasil ao tabuleiro da geopolítica internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quinta-feira (20) do Fórum das Principais Economias sobre Energia e Clima (MEF, da sigla em inglês).

O evento, virtual, está na quarta edição e foi organizado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e reuniu as lideranças das maiores economias do mundo (confira a lista abaixo). 

Reprodução Planalto

Em sua fala, Lula destacou que a crise climática piora os principais problemas globais, principalmente pelos países em desenvolvimento. 

"Os efeitos da mudança do clima agravam ainda mais a pobreza, a fome e a desigualdade no mundo, flagelos que o Brasil combate com todas as forças. Também somos defensores intransigentes da paz entre os povos. Não há sustentabilidade num mundo em guerra", disse.

Lula também cobrou os países com as maiores economias globais por mais financiamento ambiental para que países em desenvolvimento possam ampliar seus esforços de preservação ambiental. 

“Desde que o compromisso foi assumido, em 2009, o financiamento climático oferecido pelos países desenvolvidos mantém-se aquém da promessa de 100 bilhões de dólares por ano. Como disse no início, é preciso que todos façam a sua parte”, lembrou.

Lula reforçou o compromisso do Brasil em zerar o desmatamento até 2030 e reverter os prejuízos causados por Jair Bolsonaro ao meio ambiente. 

“Fomos capazes de reduzir o desmatamento da Amazônia em mais de 80% ao longo de uma década, e voltaremos a fazê-lo. Os danos ao meio ambiente causados pelo governo anterior serão revertidos", garantiu.

O presidente afirmou que a meta do Brasil é o desmatamento zero e que para isso o governo retomou o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, que em passado recente foi responsável pela queda recorde na devastação da floresta.

Lula destacou ainda a matriz energética brasileira como a mais limpa do planeta, já que 80% da eletricidade do país vem de fontes renováveis – usinas hidrelétricas, eólicas, solares, além de etanol e biomassa. A proporção ainda deve aumentar, com novos parques de geração de energia solar e eólica.

O presidente falou sobre parcerias com outros grupos de países, especialmente os que estão na região amazônica - Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela, além do Brasil - e os que ainda têm florestas tropicais a preservar em outros continentes, como República Democrática do Congo, Indonésia e Papua-Nova Guiné.

Lula anunciou que em agosto deste ano, o Brasil vai reunir os líderes dos países amazônicos para impulsionar uma nova agenda comum para a Amazônia. 

"Reafirmaremos a nossa disposição para trabalhar conjuntamente em projetos de maior alcance, que protejam o bioma e promovam o seu desenvolvimento sustentável. Também trabalharemos com países que detêm florestas tropicais na África e na Ásia. Como sinal de comprometimento", disse.

Durante o fórum, Biden anunciou, entre outras medidas, que vai pedir a liberação de um aporte de US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia nos próximos 5 anos, além de deixar um apelo a outros líderes globais para que façam o mesmo. Ele também afirmou que o EUA vai doar US$ 1 bilhão para o Fundo Verde para o Clima das Nações Unidas, que também financia projetos ambientais no Brasil.

Integram o MEF, além do Brasil, dos EUA e a União Europeia, 23 países: Alemanha, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Egito, França, Índia, Indonésia, Itália,  Japão, Coreia do Sul, México, Nigéria, Noruega, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Peru, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Vietnã.

Confira o discurso do presidente Lula na íntegra aqui