CAMINHO PARA A PAZ

Lavrov: Rússia quer o fim da guerra com a Ucrânia

Em encontro com o chanceler Mauro Vieira, ministro russo garantiu que o Kremlin tem interesse em encerrar o conflito "o mais rápido possível"

Créditos: Agência Brasil (Fábio Pozzebom)
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Em visita ao Brasil, o ministro de Negócios Estrangeiro da Rússia, Serguei Lavrov, destacou que o Kremlin tem interesse em encerrar o conflito na Ucrânia o mais rápido possível. 

"Está claro que estamos interessados no fim do conflito ucraniano o mais rápido possível. Explicamos em detalhes as razões do que está acontecendo, os objetivos que estamos perseguindo a esse respeito", disse o chanceler russo.

A declaração de Lavrov foi feita durante coletiva de imprensa após reunião bilateral com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, no Palácio do Itamaraty, nesta segunda-feira (17).

Vieira, por sua vez, reiterou a posição brasileira a favor de um cessar-fogo na Ucrânia e fez um apelo por uma solução pacífica para a guerra. Ele também destacou que o Brasil é contra a prática de adotar sanções unilaterais no cenário internacional.

"Reiterei nossa posição em favor de um cessar-fogo imediato, de respeito ao direito humanitário, de uma solução negociada para uma paz duradoura", afirmou Vieira.

Em resposta, Lavrov agradeceu o apoio brasileiro. 

"Nós estamos agradecidos à parte brasileira, entendendo a parte nessa situação, agradecendo a contribuição de solução desse conflito e problema, e estamos levando em consideração. Precisamos resolver de forma duradoura e não imediata".

O chanceler russo será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira. É esperada também uma reunião com o assessor de política externa do presidente brasileiro, Celso Amorim.

Declarações de Lula sobre a guerra

A visita de Lavrov ao Brasil ocorre após declarações do presidente Lula sobre a guerra da Ucrânia. Durante visita à China, o mandatário brasileiro apelou aos Estados Unidos que "parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz".

Lula também destacou o papel que a China pode desempenhar nas negociações para o fim da guerra. De acordo com ele, Pequim deve ser o elo mais importante no conflito. "Acho que a China tem um papel muito importante. Contínuo reiterando que a China talvez seja o mais importante", disse. 

As declarações de Lula geraram incômodo no governo dos EUA, que avalia que a posição brasileira adota um tom mais próximo de Moscou e Pequim e de oposição a Washington. 

Sanções

O conflito entre Rússia e Ucrânia teve início no dia 22 de fevereiro de 2022 tem impactado o comércio global, com as sanções impostas à Rússia pelos Estados Unidos, Japão e países europeus.

Além disso, Rússia e Ucrânia são grandes produtores agrícolas e a guerra está causando aumento nos preços dos alimentos em todo o mundo. A Europa também está sendo fortemente impactada pela falta do fornecimento de gás natural da Rússia.

Durante a reunião bilateral, Vieira reiterou a posição brasileiro contrária à aplicação de sanções unilaterais.

“Tais medidas, além de não contarem com a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, tem impacto negativo a todo o mundo, em especial aos países em desenvolvimento, muitos dos quais ainda não se recuperaram plenamente da pandemia”, disse.

Para o Brasil, a Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes, insumo essencial para o agronegócio brasileiro. No ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, garantiu o fornecimento ininterrupto de fertilizantes para o país. Hoje, os chanceleres conversaram sobre medidas para garantir o fluxo desse insumo.

Além do expressivo relacionamento comercial, que atingiu o recorde de US$ 9,8 bilhões em 2022, Brasil e Rússia mantém laços históricos de amizade e cooperação. As relações diplomáticas entre os dois países completam 195 anos em 2023.

Para Lavrov, a cooperação entre Brasil e Rússia é baseada em princípios de igualdade e respeito e não depende de mudanças na conjuntura mundial.

Giro pela América Latina

A viagem ao Brasil, segundo a agência oficial russa Tass, faz parte da agenda de Lavrov na América Latina de 17 a 21 de abril, que inclui visitas à Venezuela, Nicarágua e Cuba. Ele tem encontros com os líderes desses países e conversas com os ministros das Relações Exteriores.