VENEZUELA

"Sim" ganha plebiscito e população autoriza anexação da Guiana; a Venezuela vai invadir?

Entenda os próximos passos do governo venezuelano e a movimentação militar no norte do Brasil

Nicolás Maduro votou no plebiscito sobre a região de Esequibo neste sábadoCréditos: Reprodução/Instagram/Nicolas Maduro
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O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Elvis Amoroso, anunciou uma vitória histórica do "Sim" no referendo consultivo realizado neste domingo (4) sobre a Guiana Esequiba, região em disputa entre Caracas e a Guiana.

Foram mais de  10 milhões de votos registrados até agora, com uma vitória de mais de 96% em favor da anexação do Esequibo ao território da Venezuela.

As perguntas abordaram a rejeição do laudo arbitral de Paris de 1899, o apoio ao Acordo de Genebra de 1966 como solução para a controvérsia, a recusa à jurisdição da Corte Internacional de Justiça, a oposição à pretensão da Guiana de dispor unilateralmente de um mar pendente por delimitar e a criação do estado de Guiana Esequiba.

Em resumo: o território está em disputa há séculos, desde antes da colonização, e, agora que foi descoberta uma grande quantidade de petróleo na região, o governo venezuelano pergunta à sua população se deve escalar no conflito.

A esmagadora maioria dos venezuelanos afirma que o país deve reclamar sua soberania sobre o território.

A Venezuela vai invadir a Guiana?

Existem diversos motivos que fazem os observadores internacionais rejeitarem a possibilidade de Caracas operar uma invasão militar de grande escala em curto prazo. 

O Brasil na guerra

Maduro não possui apoio na região para conduzir uma guerra. Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Colômbia e Bolívia não apoiariam uma intervenção militar e a quebra da paz no continente.

"O que a América do Sul não está precisando é de confusão. Não se pode ficar pensando em briga. Espero que o bom senso prevaleça, do lado da Venezuela e do lado da Guiana", disse Lula durante a COP 28.

O Brasil também não aceitaria uma invasão ao seu território e já deslocou militares para a região de fronteira entre Guiana e Venezuela para garantir sua própria segurança territorial.

Os esforços da Venezuela

Além disso, o custo militar pode fragilizar uma tentativa venezuelana em território de Esequibo. Apesar da economia comandada por Maduro ter melhorado nos últimos anos, ainda é fraca para um esforço de guerra total.

Segundo observadores internacionais, a Venezuela pode tentar uma "invasão civil" ao invés de uma operação militar, oferecendo cidadania aos atuais habitantes de Esequibo antes de operar uma ação militar.

Apoio dos EUA à Guiana

Para se somar ao fato, o Comando Sul do Exército dos EUA, já deslocou uma parte de seus grupos de elite para Georgetown, capital da Guiana. 

Os EUA não querem ver Maduro fortalecido e tem como missão defender os interesses da ExxonMobil, empresa petroleira que quer explorar o petróleo de Esequibo.

E quem vive em Esequibo?

A população de Esequibo é relativamente pequena. Se falarmos de partes urbanizadas, estamos falando de regiões com menos de 100 mil pessoas.

A maior parte dos habitantes do Esequibo são povos indígenas de etnias como Ianomami, Macuxi e Uapichana, que também habitam o Brasil e partes da Venezuela.

Por se tratar de uma região pouco populosa e por ter um terreno de selva tropical, uma operação militar seria bastante custosa e de difícil operação.