O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Elvis Amoroso, anunciou uma vitória histórica do "Sim" no referendo consultivo realizado neste domingo (4) sobre a Guiana Esequiba, região em disputa entre Caracas e a Guiana.
Foram mais de 10 milhões de votos registrados até agora, com uma vitória de mais de 96% em favor da anexação do Esequibo ao território da Venezuela.
Te podría interesar
As perguntas abordaram a rejeição do laudo arbitral de Paris de 1899, o apoio ao Acordo de Genebra de 1966 como solução para a controvérsia, a recusa à jurisdição da Corte Internacional de Justiça, a oposição à pretensão da Guiana de dispor unilateralmente de um mar pendente por delimitar e a criação do estado de Guiana Esequiba.
Em resumo: o território está em disputa há séculos, desde antes da colonização, e, agora que foi descoberta uma grande quantidade de petróleo na região, o governo venezuelano pergunta à sua população se deve escalar no conflito.
Te podría interesar
A esmagadora maioria dos venezuelanos afirma que o país deve reclamar sua soberania sobre o território.
A Venezuela vai invadir a Guiana?
Existem diversos motivos que fazem os observadores internacionais rejeitarem a possibilidade de Caracas operar uma invasão militar de grande escala em curto prazo.
O Brasil na guerra
Maduro não possui apoio na região para conduzir uma guerra. Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Colômbia e Bolívia não apoiariam uma intervenção militar e a quebra da paz no continente.
"O que a América do Sul não está precisando é de confusão. Não se pode ficar pensando em briga. Espero que o bom senso prevaleça, do lado da Venezuela e do lado da Guiana", disse Lula durante a COP 28.
O Brasil também não aceitaria uma invasão ao seu território e já deslocou militares para a região de fronteira entre Guiana e Venezuela para garantir sua própria segurança territorial.
Os esforços da Venezuela
Além disso, o custo militar pode fragilizar uma tentativa venezuelana em território de Esequibo. Apesar da economia comandada por Maduro ter melhorado nos últimos anos, ainda é fraca para um esforço de guerra total.
Segundo observadores internacionais, a Venezuela pode tentar uma "invasão civil" ao invés de uma operação militar, oferecendo cidadania aos atuais habitantes de Esequibo antes de operar uma ação militar.
Apoio dos EUA à Guiana
Para se somar ao fato, o Comando Sul do Exército dos EUA, já deslocou uma parte de seus grupos de elite para Georgetown, capital da Guiana.
Os EUA não querem ver Maduro fortalecido e tem como missão defender os interesses da ExxonMobil, empresa petroleira que quer explorar o petróleo de Esequibo.
E quem vive em Esequibo?
A população de Esequibo é relativamente pequena. Se falarmos de partes urbanizadas, estamos falando de regiões com menos de 100 mil pessoas.
A maior parte dos habitantes do Esequibo são povos indígenas de etnias como Ianomami, Macuxi e Uapichana, que também habitam o Brasil e partes da Venezuela.
Por se tratar de uma região pouco populosa e por ter um terreno de selva tropical, uma operação militar seria bastante custosa e de difícil operação.