Embora a Guiana não acredite que Nicolás Maduro ordenará uma invasão à Guiana após o referendo deste domingo (3), o vice-presidente guianense, Bharrat Jagdeo, diz que o país está preparado para o pior e tem construído cooperação de defesa com aliados.
A Venezuela realizou um referendo simbólico, enquanto o governo Maduro busca apoio público para sua reivindicação de longa data pela região do Essequibo, rica em ouro e diamantes e com grandes reservas de petróleo offshore.
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Relatos da imprensa internacional apontaram para uma baixa participação eleitoral, e o órgão eleitoral venezuelano afirmou uma participação de 50% dos eleitores.
Em entrevista ao site guianês News Room, concedida por Jagdeo em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde participa da Cúpula do Clima das Nações Unidas, a COP28, ele afirmou acreditar que os números fornecidos são falsos e que o resultado foi "desastroso" para a campanha de Maduro de criar um estado venezuelano na região do Essequibo e conceder cidadania aos seus habitantes.
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Segundo o vice-presidente guianês, Maduro assegurou aos líderes mundiais que não invadirá a Guiana, mas o governo está cauteloso em relação a tais garantias e não se arriscará.
É por isso que temos trabalhado com nossos parceiros para impulsionar a cooperação de defesa. Isso significa que estamos nos engajando, estamos coordenando esforços com aqueles que estão engajados conosco, trabalhando para construir nossa capacidade, não apenas em termos de planejamento, mas também em proteger nossa integridade territorial
O governo venezuelano informou que aplicará os resultados do referendo. Nesse contexto, Jagdeo afirma que a Guiana está "preparada para qualquer eventualidade".
Disputa histórica
A Corte Internacional de Justiça (CIJ), organismo das Nações Unidas, tem ouvido o caso da Guiana para um acordo legalmente vinculante sobre a controvérsia de fronteira. Na última sexta-feira (1), a CIJ ordenou que a Venezuela se abstenha de tentar assumir o controle do Essequibo.
A fronteira entre Guiana e Venezuela foi determinada por um tribunal de arbitragem há 124 anos, mas a Venezuela rejeitou o prêmio em 1962, alegando que estava falho.
Um mecanismo foi estabelecido para resolver a controvérsia e, após décadas de conversas fracassadas, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, encaminhou o assunto para a CIJ, que é o principal órgão judicial da ONU.
A corte determinou que pode ouvir e decidir sobre o caso, mas a Venezuela realizou o referendo antes que a Corte pudesse decidir.
A Guiana buscou proteção e a Corte decidiu que o Essequibo tem sido reconhecido como território guianense e tem sido governado pela Guiana desde o prêmio de 1899 do tribunal de arbitragem e a Venezuela deve se abster de interromper a soberania guianense do território.
Se a Venezuela optar por ignorar a decisão da Corte, Jagdeo diz que a Guiana não "ficará sentada e aceitará isso e, portanto, a cooperação de defesa significa preparar-se para o pior resultado", declarou.
Jagdeo pede aos guianenses que não fiquem "presos" na "experiência quase traumática de se preocupar desnecessariamente" e compartilhar coisas que não são verdadeiras.
Ele se referiu a um vídeo viral que circula de uma bandeira venezuelana sendo erguida, com uma alegação de estar em território guianense.
Fiquem tranquilos, estamos fazendo todo o necessário para manter nossas fronteiras seguras e tomaremos as medidas necessárias para fazê-lo. E a Venezuela não terá sucesso, não terá sucesso nesta questão, não terá.
Assista
@guyananewsupdate Video Surfaces of Venezuelans Swapping Guyana Flag Sparks Attention in Guyana ? original sound - Guyana news updates
O vice-presidente da Guiana afirmou ainda que, enquanto o governo lida com a controvérsia da fronteira, permanece focado na agenda de desenvolvimento.
Com informações do News Room Guyana