O médico Atef Al Kahlout, diretor do Hospital Indonésio de Gaza, não conseguiu conter a emoção e chorou ao descrever as dificuldades que está encontrando para tratar dos pacientes.
Enquanto ele falava, um paciente aparentemente chorava ao fundo (ver vídeo)
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O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza disse nas últimas horas que os hospitais já não tem condições de dar andamento ao tratamento dos feridos recebidos em estado grave, por falta de pessoal, de material e de leitos.
Com isso, eles seguem morrendo.
25 MIL FERIDOS
As estimativas são de que mais de 25 mil pessoas foram feridas até agora nos bombardeios de Israel, com o número crescendo a cada hora.
A situação se agrava com a incapacidade das equipes de resgate de chegarem a alguns locais bombardeados, o que retarda ou impede a transferência de feridos.
Por falta de equipamento, a defesa civil não tem condições de atuar nos escombros. A retirada dos escombros é quase sempre feita por parentes e amigos com as próprias mãos.
Isso se torna ainda mais grave com o ataque de Israel ao entorno de vários hospitais, como o Shifa e o Quds, para onde milhares de pessoas se transferiram acreditando estarem mais seguras.
Além disso, Israel fez ataques diretos a vários hospitais.
Atingiu o terceiro andar do único hospital de Gaza especializado no tratamento de câncer, o da Amizade Turco-Palestina.
Também bombardeou o Complexo Médico Nasser, do qual faz parte o Hospital Rantisi, especializado no tratamento pediátrico.
Uma avó descreveu à rede árabe Jazeera o périplo que fez com a neta Sidra, que sofre de câncer e quebrou a perna ao fugir de um bombardeio.
Depois de procurar dois hospitais, ela foi encaminhada ao Shifa, o principal de Gaza, que está superlotado.
Porém, não dispunha de transporte para fazer a viagem.
O cirurgião plástico Ghassan Abu Sitta, que está em Gaza, disse que já atendeu vítimas de queimaduras causadas por fósforo branco, que causa queimaduras até o osso.
O fósforo branco é utilizado em bombas incendiárias utilizadas por Israel.
Ele afirma que está improvisando como pode, inclusive usando vinagre para evitar infecções (ver vídeo).
Segundo o cirurgião, o maior desafio é manter os geradores funcionando.
Caso contrário, "os hospitais vão se tornar covas coletivas".
Numa postagem, o doutor Ghassan escreveu:
A escala da carnificina está mudando a sociedade palestina. Avós de meia-idade cuidando dos bebês órfãos de seus filhos assassinados
Israel proibiu a entrada de óleo diesel em Gaza, alegando que o combustível é desviado pelo Hamas.
O diesel abastece geradores que mantém respiradores e incubadoras funcionando em hospitais.
Dr Atef Al Kahlout, director of the Indonesian Hospital in Gaza, expressed distress over the worsening conditions at the medical facility on Monday pic.twitter.com/3xLpJC5Xdh — Middle East Eye (@MiddleEastEye) November 7, 2023
We spoke with @GhassanAbuSitt1, a doctor who is operating inside Gaza – he's fearful of what is to come if fuel runs out in hospitals.
“Basically, without electricity, this hospital becomes a mass grave.” pic.twitter.com/a2y1rChYgq — AJ+ (@ajplus) November 7, 2023