TERROR

Maior ataque de Israel a Gaza foca no entorno de hospitais

Número de mortos no território palestino está chegando a 10 mil

Ao vivo.Um homem interrompeu a entrevista de um porta-voz do Hamas para mostrar o corpo de uma criança mortaCréditos: Reprodução Jazeera
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Israel fez na noite de domingo o maior bombardeio a Gaza desde o início da ofensiva contra o Hamas, dizem jornalistas que continuam em território palestino.

"É o bombardeio mais violento desde o início da agressão de Israel", disse o repórter Wael Dahdouh, chefe do escritório da emissora árabe Jazeera.

Dahdouh perdeu a esposa, dois filhos e um neto nos ataques, mas voltou a trabalhar na versão em árabe da rede do Catar.

Jornalistas da Agência Palestina de Notícias descreveram o bombardeio como sem precedentes.

O Ministério das Comunicações e Tecnologia da Informação disse que Israel desconectou as rotas internacionais pela terceira vez, deixando Gaza sem telefone ou conexão de internet.

Nas últimas horas, o governo de Israel promoveu uma entrevista coletiva do porta-voz Daniel Hagari apresentando o que diz serem provas de que o Hamas "sistematicamente explora hospitais como parte de sua máquina de guerra". 

ABAIXO-ASSINADO

Isso aconteceu depois que médicos de Israel publicaram um abaixo-assinado dizendo que as Forças de Defesa de Israel (IDF) tem o direito de bombardear hospitais:

"Atacar o quartel-general de terroristas dentro de hospitais é um direito, quando não um dever", diz o texto assinado por 100 médicos, muitos dos quais reservistas das IDF. 

O texto culpa os próprios palestinos:

Os residentes de Gaza que concordaram em transformar hospitais num antro terrorista e se beneficiar do padrão moral do Ocidente são aqueles que causaram a sua própria aniquilação, a liquidação do terrorismo em toda parte e de todas as formas

Logo depois da entrevista coletiva do porta-voz de Israel, as IDF iniciaram o bombardeio, tendo como alvo principal a maior área urbana do território, a cidade de Gaza.

É lá que ficam alguns dos principais hospitais ainda em funcionamento, como o Shifa e o Quds.

Enquanto Israel bombardeava, um porta-voz do Hamas, Salama Marouf, foi para diante do hospital Shifa e acusou Israel de mentir com o objetivo de encobrir a matança de civis.

O Hamas publicou uma nota pedindo às Nações Unidas que mande um observador para inspecionar os hospitais.

Nos últimos dias, Israel atacou o entorno de vários deles, para onde milhares de pessoas se dirigiram em busca de refúgio.

O ataque mais mortal até agora foi contra o Hospital Batista Al-Ahli, que causou a morte de 400 pessoas. Israel alega que a explosão foi causada por um foguete disparado pela própria resistência palestina.

Porém, a rede Jazeera e peritos britânicos dizem que o ataque veio de Israel.

A rede estadunidense CNN, numa análise mais recente, desmontou a tese sustentada por Israel e os Estados Unidos de que um foguete da resistência palestina, depois de interceptado, caiu sobre o Hospital Batista.

Israel atacou ontem um comboio de ambulâncias que levaria feridos do hospital Shifa até a passagem de Rafah, no Egito.

A alegação, mais uma vez, foi de que o Hamas estava usando o comboio para proveito próprio.

Enquanto o porta-voz Salama Marouf falava diante do hospital Shifa, um homem apareceu ao lado dele carregando um bebê morto.

Na ofensiva, Israel já bombardeou padarias, hospitais, universidade, campos de refugiados e prédios residenciais.

Israel sustenta que cercou a cidade de Gaza e está avançando em direção a Khan Yunis, no Sul.

Muitos dos alvos de Tel Aviv ficam na área para a qual as IDF sugeriram que centenas de milhares de palestinos se mudassem.

O último levantamento do Ministério da Saúde de Gaza fala em 9.770 mortos, sendo 4.800 crianças.

A agência turca Anadolu publicou este gráfico segundo o qual Israel já despejou 18 mil toneladas de explosivos em Gaza