A relatora das Nações Unidas para os Direitos Humanos nos territórios palestinos ocupados desde 1967, Francesca Albanese, está fazendo campanha por um cessar-fogo no conflito entre Israel e o Hamas.
Integrante do Instituto para o Estudo de Migração Internacional da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, Francesca ocupa a posição desde 2022.
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Ela já denunciou publicamente como crimes de guerra os ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro, bem como a resposta de Israel com bombardeio indiscriminado a Gaza.
O conflito já matou mais de 10 mil civis.
É uma catástrofe de proporções épicas. É uma catástrofe humanitária e política, mas também acho que é uma catástrofe jurídica. Qualquer violação da Convenção de Genebra pode constituir um crime de guerra. Agora, existem certos crimes de guerra que são mais flagrantes que outros e implicam em responsabilidade individual
FRACASSO INTERNACIONAL
Francesca Albanese acredita que o sistema multilateral fracassou completamente e que as leis internacionais subjacentes estão sendo atropeladas sem consequência alguma.
Até agora o Conselho de Segurança da ONU foi incapaz de aprovar uma proposta para lidar com o conflito entre Israel e o Hamas.
A Assembleia Geral aprovou uma resolução sem força legal pedindo um cessar-fogo humanitário "durável e sustentável", bem como a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas.
Foram 140 votos a favor, 14 contra e 45 abstenções.
A decisão foi denunciada por Israel e, na prática, desconhecida.
A relatora da ONU, em entrevista, lembrou:
O que aconteceu no dia 7 de outubro foram crimes de guerra cometidos pelo Hamas contra civis. A questão é que Israel é uma superpotência militar com uma enorme capacidade de destruir a outra. O Hamas não tem capacidade para destruir Israel. Isso é ficção, é uma abstração, apesar da atrocidade que foi cometida. E a destruição de Gaza é uma realidade
Em alerta publicado anteriormente em uma página da ONU, ela havia cogitado que pode se repetir a Nakba [Catástrofe] de 1948 e a Naksa [Dia do Retrocesso] de 1967, que resultaram na expulsão de mais de 1 milhão de palestinos de suas casas e terras como resultado de vitórias militares de Israel.
Existe um grave perigo de que estejamos testemunhando uma repetição da Nakba de 1948 e da Naksa de 1967, numa escala maior. A comunidade internacional deve fazer tudo para impedir que isto aconteça novamente. Israel já realizou uma limpeza étnica em massa dos palestinos sob a névoa da guerra
O atual conflito já provocou deslocamento interno de mais de 1 milhão de palestinos em Gaza.
Vizinhos de Israel, Egito e Jordânia já disseram que não aceitarão uma nova onda de refugiados.
A população de palestinos no planeta se aproxima de 15 milhões.
Cerca de 2 milhões vivem em Israel e outros 5 milhões nos territórios ocupados -- Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Mais de 2 milhões vivem na Jordânia e cerca de 600 mil na Síria.