Neste domingo (19), a Argentina elegeu o ultradireitista Javier Milei, da coalizão La Libertad Avanza, que venceu as eleições do país com 55% dos votos válidos.
O radical auto-declarado anarcocapitalista foi comparado com Jair Bolsonaro ao longo do último ano justamente por conta de suas posições consideradas extremistas e impraticáveis.
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Agora que sua vitória foi confirmada, nos resta compreender quais são as possíveis semelhanças e diferenças entre os projetos de poder de Milei e Jair Bolsonaro.
Milei e Bolsonaro - semelhanças
A semelhança entre Milei e Bolsonaro é grande. Ambos ganharam popularidade em programas de televisão sensacionalistas por suas falas radicais e chegaram ao jogo político como outsiders.
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Fizeram carreira propondo absurdos e utilizando a crítica aos "políticos" de forma ampla, através do "tem que acabar a mamata". Além disso, o ex-presidente brasileiro e o futuro presidente argentino possuem uma agenda de redução de serviços públicos - especificamente de ministérios - e de privatizações.
Milei e Bolsonaro acabam também defendendo agendas de política externa baseadas no alinhamento total com os EUA, anti-BRICS e Mercosul.
Eles também compartilham a oposição a propostas pelo meio-ambiente, igualdade de gênero ou por equidade racial. Resumidamente: ambos são ideologicamente alinhados no campo da extrema direita, e possuem uma visão quase psicótica do mundo onde todos os que se opõem aos seus objetivos são comunistas.
Milei e Bolsonaro - diferenças
Apesar de compartilharem uma agenda muito próxima, existem algumas diferenças entre Milei e Bolsonaro. A primeira é que a campanha do radical brasileiro em ambas as eleições - 2018 e 2022 - foi baseada no "patriotismo" e na "família", ou seja, em valores tradicionais.
Milei, por outro lado, não é exatamente a favor de armas como Bolsonaro - ou ao menos não entra neste assunto - e não tem como mote o patriotismo e o militarismo em sua campanha. Seu radicalismo tem uma base quase que estritamente econômica, e de privatismo ainda mais intenso que o de Paulo Guedes.
O discurso "libertário", que até foi invocado por Bolsonaro em 2022, foi o centro da campanha de Milei, que também soube usar um discurso tecnocrata para expandir sua campanha. Economicamente, Milei está mais à direita de Bolsonaro,
O argentino também possui uma base de apoio política menor dentro da Câmara e do Senado, o que reforça outra diferença: Bolsonaro teve experiência no Congresso por 28 anos, e Milei ocupou brevemente um cargo legislativo e já saiu como candidato à presidência.
Além disso, na base social, Milei não contou com apoio evangélico ou católico, militar e conservador. Ele foi eleito através de uma base social muito mais jovem e masculina, que depois foi encampada por um eleitor mais velho de direita que apoiou Patricia Bullrich.
Ainda que no fim, Milei e Bolsonaro conservem diversas diferenças de método e prática, servem aos mesmos senhores e devem ter práticas políticas e econômicas muito parecidas.