O candidato da extrema direita, Javier Milei, confirmou o favoritismo e venceu o pleito presidencial na Argentina.
Sergio Massa, o seu opositor, reconheceu a vitória de Milei e lhe desejou boa sorte como novo presidente da Argentina.
Sem nunca ter disputado uma eleição presidencial, Javier Milei lança uma sombra de dúvidas sobre o futuro da Argentina, que agora será governada por uma figura cujo símbolo eleitoral é uma motosserra.
O resultado oficia ainda não foi divulgado.
Em seu discurso, Massa agradeceu o apoio dos "milhares de argentinos" e afirmou que a democracia argentina "é forte" e "vai sobreviver".
Além disso, Massa também afirmou que já conversou com Milei e que lhe desejou sorte à frente da presidência da República da Argentina.
Com 90% dos votos apurados, Javier Milei aparece com 55,9% dos votos, enquanto Sergio Massa tem 44,1%. Os votos em branco somam 1,6%. A eleição teve a participação de 76,4% do eleitorado.
Javier Milei toma posse como presidente da Argentina no dia 10 de dezembro.
Quem é Javier Milei?
Para entender a figura de Javier Milei e qual a chance dele ganhar as eleições presidenciais argentinas de 2023, vamos resumir um pouco da trajetória deste político, cunhado como uma das principais lideranças da extrema-direita na América Latina.
Por isso, vamos contar um pouco da biografia do deputado neofascista explicar suas principais propostas para a Argentina. Além disso, é importante saber quais são as grandes polêmicas da carreira de Javier Milei e seus desafios para concorrer em uma plataforma reacionária.
Javier Milei - biografia
Javier Milei é um deputado federal argentino e pré-candidato à presidência argentina pelo bloco político A Liberdade Avança. Defensor de uma agenda ultraliberal e conservadora nos costumes, Milei ficou famoso após fazer falas polêmicas na televisão contra a classe política argentina.
Nascido em Buenos Aires no ano de 1970, Milei é economista, professor e escritor, e defende radicalmente o fim dos serviços públicos. Ele já chegou a defender ideias anarcocapitalistas.
Milei se define como um “minarquista”, isto é, um sujeito que defende um estado realmente mínimo, onde nenhum tipo de assistência social é garantida para os cidadãos. Ele é um defensor das teorias da escola austríaca,coisa que compartilha com Paulo Guedes, ex-ministro da Economia do Brasil.
Javier Milei trabalhou para empresas de previdência privada e assessoria financeira, além de entidades como HSBC e outros bancos, sendo estritamente ligado ao setor bancário. Ele também foi assessor econômico do gabinete do deputado Antonio Domingo Bussi, general argentino condenado por crimes contra a humanidade durante a ditadura militar que ocorreu no país.
Desde 2020, ingressou para a política institucional com um discurso fortemente anti-kirchnerista, mas também já fez críticas ferozes aos governos de Maurício Macri, se colocando como uma alternativa política a ambos.
Contudo, Milei também já elogiou fortemente o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o ex-presidente estadunidense Donald Trump, se demonstrando também um entusiasta do movimento neofascista ou pós-fascista de extrema-direita nacionalista que ascende ao redor do mundo.
Javier Milei é deputado federal desde 2021, e, desde então, tem trabalhado para tensionar à direita a oposição ao governo de Alberto Fernández. Atualmente, a oposição tem se dividido em um projeto de extrema-direita liderado por Javier Milei e um projeto mais moderado, do Juntos por el Cambio, cujo provável candidato é Horácio Larreta, prefeito de Buenos Aires.
Milei vai ganhar a eleição na Argentina?
É difícil fazer previsão sobre as possibilidades de uma eleição que ocorrerá apenas no mês de outubro e que não tem candidatos definitivos, porém, é possível saber que Javier Milei está em terceiro lugar nas pesquisas, atrás da Unión por la Pátria, bloco democrático progressista, e atrás do Juntos por el Cambio, bloco neoliberal.
Javier Milei saiu de pouco mais de 10% de intenções de voto no início de 2022 e chegou a um pico de 27% neste junho, onde liderou contra os governos de centro-esquerda e centro-direita na pesquisa da Aresco.
Agora, também parece perder fogo em uma eleição que mostra uma divisão tripartite na sociedade argentina: 30% da opinião pública parece estar com o kirchnerismo, 30% parece estar com o bloco de centro-direita e 30% parece estar com Milei, o único verdadeiro nome do La Liberdade Avanza.
Nenhum candidato possui margem substancial para vencer as eleições e também não é possível prever quem irá para o segundo turno até o momento da publicação desta reportagem.
Javier Milei - polêmicas
Como um candidato de extrema-direita neofascista, o candidato argentino Javier Milei tem diversas opiniões controversas e polêmicas ao longo de sua carreira.
Contra o aborto
Ele é notoriamente contra o aborto de gestação em qualquer caso, incluindo em que mulheres foram abusadas sexualmente, mesmo sendo crianças, chamando o procedimento de assassinato. Vale ressaltar que, recentemente, o aborto foi legalizado na Argentina em uma conquista histórica das mulheres hermanas.
Marxismo cultural
Além disso, ele afirma que encerrará o ministério das mulheres, além de defender a teoria da conspiração do marxismo cultural, a quem atribui o feminismo, os ativismos pró-ecologia, e o movimento LGBT, afirmando que todas essas organizações são fruto do marxismo, reforçando seu viés neofascista.
Violência contra adversários
Milei já afirmou que iria agredir uma jornalista argentina, a chamando de burra. Também foi acusado de ter vínculos com o narcotraficante Fred Machado, por associações financeiras na campanha presidencial de José Luís Espert. Também foi acusado notórias vezes de plágio por suas colunas de opinião nos sites Infobae e El Cronista.
Milei também afirmou que Larreta, seu potencial adversário nas eleições, era um "surdo de merda" e "um lixo asqueroso".
Defesa de venda de órgãos
Além disso, ele defendeu a venda "livre, legal e desregulada" de órgãos humanos na Argentina, assim como também defende a venda de filhos. Ele também apoiou as criptomoedas de uma empresa chamada CoinX, acusada de ser um esquema de pirâmide.
Javier Milei também nega que 30 mil pessoas tenham sido mortas e desaparecidas durante a ditadura militar argentina.
Em fevereiro deste ano, Mila Zurbriggen, da juventude libertária, afirmou que a coalizão de Milei envolve esquemas sexuais bizarros. Zurbriggen afirmou que a coalizão "coloca pessoas em posições de poder em troca de favores sexuais" e que Milei usou o "partido em seu próprio interesse". A militante de direita não denunciou o político formalmente.