Se as últimas pesquisas eleitorais se comprovarem no próximo domingo (19), parece mesmo que a maior parte dos argentinos está disposta a se arriscar numa aventura perigosíssima. No país que foi palco da mais brutal ditadura da América Latina no século XX, com campos de concentração e execução funcionando bem em meio às cidades, onde dezenas de milhares de pessoas foram torturadas e assassinadas, uma chapa composta por um radical de extrema direita e uma mulher que visitou o monstruoso genocida ditador Jorge Rafael Videla na cadeia, algo impensável até pouco tempo atrás, segue à frente na preferência do eleitorado.
Para quem diz que há exagero na avaliação feita pelos analistas políticos em relação a Javier Milei e Victoria Villarruel, do partido ultrarreacionário ‘La Libertad Avanza’, saiba que esta última deu uma declaração na noite de quarta (15) bastante explícita do que ela e o companheiro pretendem fazer em caso de uma vitória nas urnas. A fala foi durante uma entrevista com jornalistas do canal de TV La Nación, do grupo de comunicação conservador do jornal impresso que leva o mesmo nome. A pergunta final a Victoria foi feita por um dos entrevistadores.
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“O que vai se passar a partir de segunda-feira (o dia seguinte à eleição) em nível econômico, independentemente de quem ganhe? Todo mundo está esperando um “estremecimento” e, te preocupa um pouco essa linha econômica se vocês ganharem? Como seria essa transição? Como vai ser essa segunda-feira, já, agora?”, questionou o profissional de imprensa.
Em sua resposta, a mulher que foi ao cárcere do presídio Marcos Paz afagar e bajular o maior e mais cruel assassino da história argentina simplesmente assume que pretende pôr abaixo a democracia na nação sul-americana e instaura um regime tirânico.
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“Me preocupa o país que vão deixar, me preocupa a segunda-feira e me preocupa o que vai ser recuperar a destruição deixada por este governo... Não vou à questão econômica, porque sobre isso Javier (Milei) me supera amplamente, mas sim (vou falar) como argentina e cidadã, o que nos cabe como governo, caso sejamos eleitos realmente vai ser uma proeza resgatar a Argentina da lama... E o que me surpreende é que Massa está incendiando tudo e pretende assumir o poder em 10 de dezembro... Então, que país ele quer assumir? Um país devastado? Como pensa resolver isso se não com uma tirania?”, falou a extremista.
O que causou muita revolta no público, além do desprezo de Victoria pelo Estado democrático de direito na Argentina, foi a reação dos jornalistas na bancada, ou melhor, a falta dela. Os entrevistadores apenas ignoraram a ameaça da radical de extrema direita e encerraram a conversa se despedindo esfuziantemente.
Veja o vídeo com a declaração ameaçadora: